Federação
Para dirigente, time vencedor sairá no lucro
A viabilidade do Estadual para os clubes paranaenses depende do desempenho em campo. Na visão do idealizador da edição 2011, Amilton Stival, vice da FPF, uma campanha boa leva a torcida a campo e faz com que as reclamações acabem. "Se o Paraná vai bem, aumenta sua média de público para 8 mil, por exemplo. No Operário, falta lugar no estádio", diz o dirigente que, por esse motivo, colocou na fórmula da competição que os clubes zerarão a pontuação na virada do turno.
Stival não vê grande influência das taxas da federação no bolso das equipes. O problema, para ele, sempre serão os salários. "As taxas não correspondem a 1% dos gastos dos times. Faz três anos que não são reajustadas."
Na tabela de cobranças da FPF, há desde cobranças de R$ 60, para registro de jogadores juniores, a R$ 200 mil, para mudança do clube de município. O mais oneroso, contudo, são a arbitragem (R$ 2,5 mil para arbitro Fifa, R$ 1,5 mil para CBF), tesoureiros e delegados da entidade (R$ 400), gastos constantes em todas as partidas como mandante. Coloque-se aí também R$ 350 de diárias. "Em outros estados isso é muito mais caro", justifica Stival. A Federação também fica com R$ 10% da renda em todas as partidas.
Quanto custa para colocar um time em campo no Campeonato Paranaense? A Gazeta do Povo resolveu colocar as contas no papel e, com auxílio dos clubes, chegou ao resultado alarmante: é caro. Os gastos vão desde pequenas taxas de R$ 60 até valores de R$ 200 mil. Dinheiro para registrar atleta aqui, lá, no Rio de Janeiro. Pagamentos que vão do bilheteiro ao camisa 10.
Para começar, só para liberar o estádio na Federação Paranaense de Futebol é preciso desembolsar R$ 4 mil. Mas de que adianta um gramado sem time para atuar? Ou sem árbitro para apitar o jogo? Tesoureiro da FPF, delegado, quarto-árbitro... E por aí vai...
Uma ilustração desse panorama é o time do Cascavel. Depois de amargar prejuízos no ano passado principalmente por causa do supermando, abolido para esta edição do Estadual, o presidente do clube mudou a estratégia administrativa e contratou apenas o time titular. O restante do elenco veio dos juniores. Só em registros de atletas Ney Victor economizou cerca de R$ 15 mil.
Ao invés de pagar R$ 1,6 mil para contratar cada jogador que atua em outros estados (R$ 500 para cada federação envolvida em média R$ 400 para a CBF e R$ 200 de registro), com 10 juniores alçados ao profissional o desembolso foi de perto de R$ 1 mil.
"Aprendemos com o ano passado. Em 2010 contratamos todo o elenco de fora, mas só jogaram uns 13, 14. O resto ficou no banco, só recebendo", conta Victor, que não reclama das taxas da FPF. "Até que são acessíveis. O problema mesmo são os salários."
Pela filosofia implantada neste ano, a Serpente terá um dos orçamentos mais enxutos da competição. Mesmo assim, estima gastar mais de R$ 120 mil mensais com todas as despesas do clube.
Em uma conta rápida, divide-se a folha mensal pela média de oito rodadas mensais do campeonato. No caso do time do Oeste, R$ 12,5 mil. Somam-se as taxas de transferência do grupo: por volta de R$ 10 mil com os profissionais e R$ 1 mil para "reversão de categorias" da piazada. O Cascavel, apenas para entrar em campo na estreia, terá gasto cerca de R$ 25 mil. Se atuasse em casa na estreia, o custo seria acrescido de mais uns R$ 10 mil para manutenção e pagamento de arbitragem, entre outros.
"Por isso temos de ir bem na largada. Se vencer a primeira, chama a torcida. Agora, se perder, só vão aparecer os curiosos [na segunda rodada]", diz Ney Victor.
Em uma competição deficitária, apenas dois fatores podem combater o prejuízo: a presença do torcedor e a venda de jogadores. Sucesso no primeiro caso é o que espera o Operário. Só com o estádio cheio o time de Ponta Grossa conseguirá equilibrar o balancete financeiro.
"Aqui a situação é um pouco diferente. Temos uma cobrança muito grande do torcedor. Então não podemos entrar apenas para participar. Temos de disputar as primeiras colocações, vaga na Copa do Brasil. E isso custa quase R$ 200 mil mensais", afirma Ademílson Oliveira da Silva, o Tico, diretor de futebol do Fantasma.
Situação oposta é a do Corinthians Paranaense. Nos anos anteriores, chegou a comemorar o supermando por atuar fora de casa. Na época, Joel Malucelli, o mandatário do clube, calculou uma economia de R$ 2,5 mil por partida. Agora, voltará a conviver com os déficits.
"Para um time que não tem bilheteria como o nosso, pode chegar a R$ 9, 10 mil o prejuízo por partida. Você tem de pagar o árbitro, o tesoureiro, o delegado, o bilheteiro. Para manter o time, tem de conseguir patrocínio e vender ao menos um atleta por ano", diz Joel, que em 2009 negociou 50% dos direitos econômicos de Jucilei ao Timão por R$ 2 milhões e ainda tem o mesmo porcentual para lucrar em uma futura venda (o jogador está avaliado em cerca de 8 milhões de euros).
"Não vale a pena [participar do Paranaense]. Mas nas Séries C e D do Brasileiro é ainda pior", conclui o dirigente, opinando sobre o drama que também é vivido por todas as equipes do interior.
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