A caça ao "Bruxo" – o operador do suposto esquema de corrupção no apito paranaense – fez respingar lama em um dirigente do alto escalão da Federação Paranaense de Futebol (FPF). José Johelson Pissaia, diretor administrativo da entidade, foi acusado ontem por José Francisco de Oliveira, o Cidão, de chefiar a máfia da arbitragem. O juiz de futebol apontou o nome do dirigente em entrevista à Rádio CBN.

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Braço direito do presidente Onaireves Moura, o cartola está desde 1985 na FPF – ininterruptamente, a partir de 1997. Ocupa um posto que, segundo ele próprio, só não permite mexer na escala dos apitadores e rasgar atos da presidência. Nesta quinta-feira, esse todo-poderoso do futebol regional quase chorou. Visivelmente transtornado, fez questão de rebater as acusações. Evocou à justiça divina como esperança para sair ileso do que considera calúnia e difamação.

Cidão declarou que Pissaia, 57 anos, manipulava os sorteios de arbitragem. Em troca, exigia apenas que o indicado lhe trouxesse um envelope fechado. A encomenda seria a propina paga por clubes para ajustar resultados.

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O diretor da FPF diz que a denúncia não passa de vingança pessoal. Motivo: Cidão ainda não aceitou o fato de ter sido afastado por ter anotado o gol atleticano contra o Império. No lance, a bola foi claramente à linha-de-fundo.

"Em novembro do ano passado, minha filha foi para Londres e ficou hospedada durante três dias na casa desse senhor que hoje me acusa. Quando ele foi punido, veio cobrar de mim esse favor. Não o fiz, pois se tratava de uma decisão do Moura. Esse sujeito partiu às ameaças, todas presenciadas pelo Valdir de Souza (ex-chefe da Comissão de Arbitragem)", rebate Pissaia.

A testemunha desta cena – que pediu afastamento do cargo logo que foi envolvido no mensalão do apito – evitou confirmar a versão. "Eles choraram e se abraçaram... Não quero defender nem A nem B. Os dois que se entendam", diz Souza.

Na conta das gentilezas que o juiz viria a cobrar, Pissaia também levantou dois transportes de dinheiro na rota Londres–Curitiba. "Quando o Cidão voltou para o Brasil, em janeiro ou fevereiro, trouxe para mim US$ 500 enviados pela minha filha. Pouco tempo depois, foi a filha dele que deu essa ajuda para nós", explica.

Moura encaminhou às associações profissionais, amadoras e ligas um ofício para saber se alguém tinha conhecimento de que Johelson seria ou agia como "Bruxo". Quem souber algo deverá se manifestar por escrito à FPF. O prazo se encerra hoje, às 18 horas.

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Ao contrário do que fez com a cúpula da Comissão de Arbitragem e toda a classe de juizes do estado, o cartola dessa vez não afastou quem está sob suspeita. Assim mesmo, dizendo-se abalado, Pissaia pediu uns dias para "arrumar a casa".