Calor dispara "alerta vermelho" no Mundial de Atletismo

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Os demaios e desistências que marcaram a maratona do Mundial de Atletismo, neste sábado, no Japão, acenderam o alerta vermelho quanto às Olimpíadas de Pequim. O forte calor e o alto índice de umidade do ar fizeram com que apenas um terço dos 85 corredores terminasse a prova em Osaka.

- Foi a corrida mais difícil da minha vida, as condições não eram boas. Espero que seja melhor nas Olimpíadas. Se em Pequim estiver deste jeito, não sei o que faremos - disse o espanhol José Manuel Martínez, 10º colocado na maratona, ao jornal New York Times.

A um ano dos Jogos, a condição do ar na capital chinesa ainda preocupa. Para especialistas, se os índices de poluição não forem reduzidos a valores aceitáveis, maratonas e outras competições de resistência vão ficar ainda mais difíceis do que no último sábado. Calor e umidade aliados a partículas poluentes e gases como dióxido de enxofre e monóxido de carbono podem desencadear doenças respiratórias até em quem nunca sofreu com isso.

Tratamento de doenças respiratórias pode ser complicado

Para piorar, o tratamento pode ser problemático, já que muitos dos medicamentos contêm susbtâncias proibidas em suas fórmulas. Para usar inaladores legalmente, por exemplo, os atletas precisam ser examinados por médicos que emitam um atestado confirmando a necessidade do remédio.

- Esses exames são demorados, então se isso for uma situação repentina em Pequim, fica difícil avaliar quem realmente está sofrendo com asma por causa dos exercícios - explica Juan Manuel Alonso, chefe do comitê antidoping da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).

Consciente do problema, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, disse que algumas provas podem mudar de data ou de lugar se a poluição do ar não estiver em índices aceitáveis. Federações de países como Estados Unidos e Austrália já anunciaram que vão manter seus atletas longe de Pequim até o último momento possível, como foi feito em 2004, em Atenas.