| Foto: THIAGO RIBEIRO/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO/

Primeiro representante do Flamengo a conceder uma entrevista coletiva após o incêndio no Ninho do Urubu que provocou a morte de dez jogadores da divisões de base na última sexta-feira, o meia Diego se emocionou ao relembrar o contato com Cauan Emanuel, um dos feridos na tragédia. Além disso, lembrou que todo jogador profissional se sente atingido pelo incidente, especialmente pela história que construíram no futebol. “Temos a alma dos meninos da base”, afirmou.

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“Ele me mandou uma foto comemorando um gol e perguntou: ‘Conhece essa comemoração? Eu me inspiro em você’”, disse Diego, que chegou a ficar mais de um minuto chorando. “Temos de seguir. Seremos inspiração”, acrescentou o camisa 10 e capitão do Flamengo.

Diego lembrou a visita que alguns jogadores do Flamengo fizeram a jogadores que se feriram no incêndio. E apontou que ele e seus companheiros agora carregam o sonho das dez vítimas fatais da tragédia da última sexta-feira no CT do clube.

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“Vou completar 34 anos e estou vivendo esse sonho que eles queriam viver. Novos jovens virão. Visitamos os garotos, tiramos fotos com o Cauan, peguei o telefone dele e estávamos conversando”, afirmou o meia.

O meia destacou ter um sobrinho que atua pelo sub-14 do Flamengo. E lembrou que o contato entre os profissionais e os jovens das divisões de base é constante. “Venho aqui em respeito a todos vocês e pessoas envolvidas nesta situação. Serei o mais honesto e transparente possível. Nosso relacionamento com esses garotos sempre foi excelente, fazem parte do nosso dia a dia”, disse.

Diego também apontou que o momento é de seguir em frente, mas assegurou que a tragédia ocorrida no Flamengo nunca será esquecida pelo elenco do futebol profissional, mesmo que em alguns momentos possam ocorrer momentos de demonstração de felicidade por situações circunstanciais.

“A emoção vai vir, nós vamos carregar essa situação. As pessoas não podem confundir quando estivermos no treino, no jogo, competindo, sorrindo em algum momento, que deixaremos de lembrar em algum momento. Carregaremos isso conosco e tem que servir de inspiração”, comentou Diego.

Além disso, Diego evitou comentar sobre possíveis problemas do Ninho do Urubu que podem ter contribuído para a tragédia. O meia, porém, apontou evolução na estrutura do CT do Flamengo nos últimos anos.

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“Quando cheguei em 2016, as estruturas eram de contêineres, usei essas estruturas, e acompanhei a evolução. Não posso falar de termos técnicos. Se é o ideal ou não, não sou eu que vou dizer. O fato é que é a maior tragédia deste clube. É um momento de reflexão”, comentou.

Ainda abalado pela tragédia, o Flamengo voltará a jogar nesta quinta-feira, quando vai encarar o Fluminense, no Maracanã, pelas semifinais da Taça Guanabara. O time precisa de um empate para ir à final do primeiro turno do Campeonato Carioca.

Especialistas apontam seguidos erros no CT do Flamengo

Uma tragédia provocada por uma sucessão de erros e uma oportunidade para repensar estratégias. Especialistas em prevenção a incêndios ouvidos pelo Estado afirmam que a tragédia no alojamento do Flamengo serve como reflexão, principalmente para se determinar novos parâmetros de segurança.

Para o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em incêndios Valdir Pignatta e Silva, a tragédia da última sexta no CT Ninho do Urubu pode ter um impacto similar ao dos incêndios nos edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, na década de 1970.

Depois destes episódios, as regulamentações e vistorias se tornaram mais rígidas. “Com áreas pequenas, como era o caso do Flamengo, os bombeiros não costumam fazer exigências, porque se supõe que as pessoas vão deixar o local facilmente. Mas vamos ter de repensar isso. Temos sempre que aprender com os grandes incêndios. Fogo em um alojamento montado em um contêiner é inédito”, explicou.

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O professor explicou que um possível problema foi o clube ter colocado grades nas janelas do contêiner. A medida buscava evitar furtos, mas dificultou a tentativa dos garotos de fugirem das chamas.

Na opinião do consultor em gerenciamento de riscos Marcelo Augusto Souza, o maior problema não foi a escolha pelo contêiner, mas sim a falta de medidas simples. “Se tivesse sensores de temperatura com uma sirene, existiria tempo para fugir. Mas a fumaça tomou conta do espaço antes mesmo de qualquer reação”, explicou o especialista, que trabalha há 20 anos na área.

Segundo o consultor, a fiscalização do poder público sobre incêndios costuma ser falha. “Nunca vai se estar 100% seguro contra o fogo. No máximo se pode diminuir a probabilidade de que algo grave aconteça”, afirmou.

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