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A moda das camisas retrô (modelos do passado) seguiu uma tendência mundial, saiu das arquibancadas, ganhou as ruas e as baladas e transformou-se em um novo filão de mercado. Com versões fashion, torcer tem sido muito chique.

O manto daquele timaço, as cores de grandes seleções, o uniforme de históricas conquistas ditaram reedições cobiçadas – e lucrativas.

Potências do mercado esportivo como Reebok, Nike e Adidas incorporaram as camisas retroativas em suas coleções nacionais e mundiais. Um sucesso generalizado que as levou a um paradoxo: usar o que há de mais moderno para recriar o superado.

Gola pólo, como as da seleção do Uruguai na primeira Copa do Mundo, em 1930, o inconfundível laranja da Holanda de 74, a imortal amarelinha do tri brasileiro em 70 são clássico dos sites especializados e principais responsáveis pela proliferação da moda.

O inusitado também tem seu público. Camisas do terceiro mundo da bola, como as de El Salvador e do Zaire, conquistaram adeptos.

"Optamos por um misto entre tradição e exotismo", explicou Leonardo Klarnet, proprietário do site www.ligaretro.com.br, lançado este ano e de sucesso imediato. "Confiava que iria dar certo pela qualidade do produto, mas não esperava que fosse tão rápido. É uma tendência mundial com boa aceitação no Brasil", acrescentou.

Com 29 modelos, a loja virtual vende cerca de mil camisas por mês. Além do futebol, há uma camiseta idêntica à da seleção brasileira medalha de prata no vôlei em Los Angeles-84. Na linha gramado, quatro novos modelos estão preparados para o lançamento em janeiro.

A produção exige um processo de licenciamento junto aos clubes. As peças são feitas no Brasil, em algodão e atendem fielmente às originais. "Elas (fornecedoras de material esportivo) até falam em linha retrô. Mas fazem camisas apenas alusivas e não réplicas como as nossas", defende o empresário.

"Elas" tiveram em dezembro um mês pródigo para o lucro. Dois produtos foram lançados para lembrar momentos históricos. E logo para as duas maiores torcidas do país. Os flamenguistas ganharam – e praticamente esgotaram – a camisa comemorativa aos 25 anos da conquista do Mundial Interclubes, em 81.

No embalo da nostalgia, está no mercado a coleção "Invasão Corinthiana", relembrando os 30 anos da semifinal do Campeonato Brasileiro de 76, quando 40 mil corintianos foram ao Maracanã assistir ao jogo contra o Fluminense.

"As linhas transit, como chamamos o uniforme que não é desenvolvido para performance, é o meio que encontramos de proporcionar ao torcedor uma forma de manifestar este sentimento, com peças que não se limitam ao ‘estádio’. As peças ganham ruas, festas e eventos sociais. As mulheres são muito beneficiadas neste caso", explicou diretor de vestuário da Nike, Dipa DiPietro. Ele contabiliza esse anos três vezes mais vendas em relação às linhas lançadas em 2005.

As duas coleções e outras raridades ajudam a compor o site www.mundodofutebol.com.br. A empresa paranaense revende artigos e futebol há 26 anos e tem uma seção específica à moda retrô. A maioria do estoque é importada da confecção inglesa Toffs, especializada no gênero.

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