Agatha e Barbara, campeãs mundiais.| Foto: Fotomaty.pl/

Chegar ao posto de melhor do mundo naquilo que faz, pegar a consagração, colocar de lado e se jogar na areia de novo. Foi assim que a curitibana Agatha pôde curtir o título mundial de vôlei de praia alcançado há duas semanas na Holanda. O feito, tão cobiçado por qualquer atleta, era mais um estágio para o que interessa este ano: a vaga olímpica. Em menos de dois meses, ela e a parceira Barbará Seixas esperam poder, enfim, festejar a conquista e com o passaporte para os Jogos do Rio garantido. Será o gatilho para tentar materializar o sonho de uma medalha em um dos esportes mais vitoriosos do Brasil. Às vésperas de embarcar para o Japão, para garimpar pontos em mais uma etapa do Circuito Mundial, a jogadora falou brevemente da conquista e muito do que ainda tem pela frente.

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Ela não para.

O título mundial veio na reta final da classificação olímpica. Deu para comemorar a conquista?

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A ficha caiu bem depois. Porque no dia a gente só conseguia sentir a felicidade de estar vivendo aquele pódio incrível. Somos campeãs do mundo! Puxa, isso é maravilhoso. Agora, pode parecer loucura, mas a sensação teve de parar por ali mesmo. Na semana seguinte já estávamos jogando novamente e o torneio valia pontuação para a corrida olímpica. Então não deu para celebrar muito, pois o nosso foco principal do ano é conquistar uma das duas vagas olímpicas. Eu espero sinceramente poder comemorar em setembro, com a conquista da vaga, mas tem muito chão até lá, então vamos trabalhar.

O domínio é todo brasileiro no ranking mundial. Vocês estão em segundo lugar, atrás da Larissa e da Talita e seguidas pela Antonelli/Juliana e Lima/Fernanda. Qual é o caminho para garantirem a classificação no Rio 2016?

A disputa está fortíssima. São cinco times no páreo (Maria Clara e Carol estão na 15.ª colocação) e ninguém até agora garantiu nada. Nossa corrida interna começou na etapa de Moscou (26/5) e terminará na etapa do Rio de Janeiro em setembro (2 a 6/9). Serão nove torneios, faltam quatro [ Japão, de 22 a 26/7; Long Beach (EUA), de 18 a 22/8; Polônia, de 25 a 29/8; além do Brasil (Rio). Os dois piores resultados descartados e os sete melhores somados. A primeira vaga é do time, a segunda vaga é da Confederação (Brasileira de Vôlei). A gente espera que esta segunda vaga seja por meritocracia. Estamos no meio desta disputa. Não dá para relaxar, ao contrário, foco total nestas próximas semanas.

Essa escolha pela meritocracia preocupa?

Preocupa, porque para nós o certo seriam as duas vagas serem pelo ranking do circuito mundial. Como sempre foi todos os anos. É a primeira vez que foi mudada a regra. A gente tem que fazer a nossa parte e esperar que a Confederação faça a dela.

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Com o título mundial vocês assumem, automaticamente, o posto de fortes candidatas à medalha na Olimpíada de 2016 se conquistarem a vaga. Como será lidar com essa pressão?

Se a gente conquistar uma das vagas – sou cautelosa no modo de falar – , tenho certeza de que a pressão será grande e a expectativa também. Afinal, os Jogos serão na nossa casa e é um esporte muito vitorioso. No nosso caso, temos um trabalho fantástico com uma psicóloga há dois anos já. Então, estaríamos muito focadas no que fazer até lá. Ainda mais que saberemos quase um ano antes, quem estará representando o Brasil nas Olimpíadas. Nunca fui para uma Olimpíada, mas tenho certeza de que a blindagem emocional é uma arma contra toda esta pressão. E a outra coisa é focar no trabalho, né? Não basta conquistar a vaga, tem de brigar por medalha. Então, tem de trabalhar muito; chegar na melhor forma física e mental será o foco também.

Depois de algumas oscilações, você teve ascensão como uma atleta mais madura, está com 32 anos, o que é até normal na areia. Como isso contribuiu para o seu sucesso?

Eu apareci no vôlei de praia em 2005, quando fechei a parceria com a medalhista olímpica Sandra Pires. Ali meu mundo mudou mesmo. Viajei pela primeira vez pra fora do país, joguei pela primeira vez o Circuito Mundial, me tornei uma atleta competitiva mesmo e a partir dali considero que entrei no alto rendimento. De lá pra cá, tive parcerias vitoriosas e outras nem um pouco. Minha carreira foi de altos e baixos mesmo. Posso dizer que tudo que passei até hoje, para chegar nesta fase atual foi importantíssimo para minha carreira e vida. Me tornei tão forte, com um casco duro mesmo. E cresci muito como pessoa. Minha carreira é a vitória da determinação e amor pelo que faço.

Depois dessas experiências todas, qual o maior trunfo da parceria de vocês? No que uma completa a outra?

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Acho que é a união. Eu e Babi temos uma química sensacional dentro e fora das quadras. Acho que isso ajuda muito, principalmente nos momentos de dificuldade. Na alegria tudo é bom, né? Mas, nos perrengues, saber que você pode contar com quem está do seu lado é excelente. A Bárbara é mais séria, mais discreta. Eu sou extrovertida e falo para caramba. E dentro de quadra as duas se completam porque somos muito dedicadas. Não tem esta história de dar um ‘migué’ [risos], de treinar meia-bomba. Somos dois leões treinando e jogando.