Valdemir Pereira, o Sertão, campeão mundial de boxe nos pesos-penas, começou a sentir a importância de sua conquista, neste domingo, um dia depois de ter ganho o título mundial da Federação Internacional de Boxe (FIB), ao vencer por pontos o tailandês Phafrakorb Rakkietgym, em Mashantucket, em Connecticut (EUA). Ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, o baiano de 31 anos foi recepcionado por 50 amigos e colegas de treino.
"A ficha ainda não caiu", confessou o boxeador.
No aeroporto, o baiano viu a faixa: "O Sertão virou mar, como o ditado diz, tornando-se número um para todos nós."
"Não esperava nada, muito menos uma recepção como essa", emocionou-se Sertão.
O boxeador surgiu no saguão com o cinturão no braço e chapéu de cangaceiro. Deu autógrafos e posou para fotos. Após conversar com o boxeador Washington Silva, que foi às Olimpíadas de Sydney-2000, Sertão foi para São Caetano com o empresário Servílio de Oliveira, bronze olímpico nos Jogos do México, em 1968.
O presidente do São Caetano, Nairo Souza, prometeu um aumento ao atleta, que ganha R$ 1,5 mil por mês. Em casa, no bairro Cerâmica, em São Caetano do Sul, o pugilista ganhou um abraço da mulher, a cabeleireira Sara Pereira.
"Já não agüentava de tanta saudade", balbuciou Sara.
Nesta terça-feira, Sertão desfila pela cidade em carro dos bombeiros. À noite, será homenageado num jantar. Ele pretende ir à sua cidade natal, Cruz das Almas (BA), pois não vê os pais Creonice e Miró há dois anos, por falta de dinheiro. Além de comprar uma casa para a mãe Creonice, quer uma para ele.
"As pessoas acham que você está rico, por ser campeão. Não é assim", contou ele, que usará parte dos R$ 56 mil do prêmio líquido para pagar o aluguel atrasado.
Na sala, Sertão tem fotos com o tenista Gustavo Kuerten e o ex-campeão mundial Mohammed Ali. Na estante, CDs de reggae e samba.
"Gosto da música do Cidade Negra: Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui", cantarolou.
Sertão conteve o choro ao falar por telefone com a mãe:
"Ela falou que vai à igreja rezar por mim. Estava emocionada e orgulhosa. Tinham me dito que ela sonhou com o título. É uma pessoa especial."
Ele repreendeu o filho Clayton, de 10 anos, que não passou de ano na escola:
"Não levarei o videogame que pediu. Eu te amo, mas você precisa aprender a lição."
O boxeador não se alfabetizou na infância:
"Éramos 11 irmãos e trabalhávamos duro para pôr comida em casa. Espero voltar a estudar para me alfabetizar."
Servílio quer promover em São Caetano a próxima luta, em até dois meses, sem valer o cinturão, talvez com o mexicano Juan Manuel Márquez. A defesa de título será nos Estados Unidos.
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