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Política

Falta de unidade prejudica sonho olímpico dos caratecas

Além das disputas no tatame, o Mundial na Polônia pretende reascender um debate importante para o caratê. Por possuir três federações diferentes, o esporte enfrenta dificuldades para entrar no programa da Olimpíada.

"É uma preocupação de todos os amantes da arte marcial e uma discussão que devemos ter. É uma pena que o caratê não consiga fazer parte dos Jogos", comenta o professor Nelson Santi.

Os órgãos reguladores são a International Traditional Karate Federation (ITKF) –a responsável pela competição na Polônia –, a World Karate Federation (WKF) e a World Union Karate Organization (WUKO). Há ainda a Japan Karate Association (JKA), a associação japonesa, também forte politicamente.

O Comitê Olímpico Inter­­nacio­­nal (COI) já reconheceu a modalidade como olímpica, mas isso não bastou para a inclusão no maior evento do esporte mundial. "É importante uma unificação política para o caratê. Mas não queremos que isso signifique também uma modificação do caratê tradicional, que tenhamos de abrir mão do aspecto de arte marcial", afirma o multicampeão Ricardo Buzzi.

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Concentrada e treinando em Curitiba, a seleção brasi­­lei­­ra de caratê viaja na terça-feira para a Polônia, onde disputará o Mundial na versão Tradicional, nos dias 6 e 7 de outubro. Com uma delegação composta por 41 atletas – 25 entre os adultos e 16 juvenis e juniores – o país é um dos favoritos para a competição na cidade de Lodz.

Protagonismo amparado principalmente pela condição de tricampeão mundial no kumitê (luta) por equipes, no masculino – categoria mais prestigiada do esporte. Feito alcançado nas últimas três edições (2004, 2006 e 2010).

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"É um retrospecto respeitável e que nos enche de responsabilidade e esperança. Nós somos a seleção a ser batida na Polônia, entre mais de 30 participantes. Mas não será nada fácil, com certeza", afirma Vladimir Zanca, capitão do time.

Para tanto, será preci­­so superar adversários de respeito como Itália e Po­­lô­­nia, os outros favoritos. No Mun­­dial anterior (em Curi­­tiba), o Brasil faturou três medalhas de bronze, além do ouro coletivo. "Preferimos não projetar número de medalhas, mas queremos ir além", diz Nelson Santi, professor da seleção ao lado de Luiz Watanabe.

Um dos destaques é o tetracampeão mundial Ricardo Buzzi, curitibano – outros 11 paranaenses foram chamados. O arquiteto de 36 anos embarca sonhando com mais dois títulos na carreira e um recorde pessoal – ele concorrerá nos kumitês individual e por equipe.

"Caso eu vença mais um título mundial, vou me igualar ao argentino Justo Gomez como o único com cinco conquistas na história. Espero conseguir os dois e ultrapassar a marca, seria maravilhoso", projeta Buzzi.

Outro trunfo nacional é o período de preparação, custeado pela Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tra­­dicional (CBKT). A seleção adulta (acima de 21 anos) es­­tá reunida na sede esportiva da Copel desde o dia 22. Os juniores (16 e 17 anos) e os juvenis (18 a 20 anos) chegaram na última sexta-feira ao Santa Mônica Clube de Campo.

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Curitiba foi escolhida para abrigar a delegação por dois motivos. Um deles, polí­­tico, por ser a cidade onde está a sede da CBKT. Mas, pri­­mor­­dialmente, para aclimatar os atletas.

"Curitiba tem nessa época do ano um clima pareci­do com o que encontraremos na Polônia, onde deveremos ter temperaturas variando entre 4 e 14°C. Isso é muito bom, especialmente para os competidores de outros estados, acostumados ao clima mais quente", comenta Santi.

Outra atleta curitibana, Isa­­­­bela Okiishi, atesta a qualidade dos treinamentos. "É algo importante, pois será um campeonato de alto nível. Estou um pouco nervosa, pois será minha primeira viagem internacional, mas muito confiante", afirma a carateca de 15 anos.