Um desentendimento entre dirigente e técnico, logo após a primeira rodada da Série Prata deste ano, pode ter papel decisivo no julgamento sobre corrupção na arbitragem – amanhã, a partir das 13h30, no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD).

CARREGANDO :)

Tony Almeida, supervisor de futebol do Cascavel, enviou uma correspondência ao auditor do caso, Otacílio Sacerdote Filho, apontando o treinador Itamar Belasalma como possível intermediário na máfia do apito.

Segundo relato (já anexado nos autos do processo), o comandante (atualmente sem clube) lhe sugeriu o pagamento de uma espécie de pacote para corromper árbitros. A quantia seria de R$ 20 mil para superar a primeira fase da Segundona estadual.

Publicidade

Na mesma correspondência, Almeida afirma que os jogadores chegaram a dizer-lhe que – caso não fosse feito o esquema – "poderia ser formada uma seleção e mesmo assim não haveria sucesso em campo".

Em entrevista à Gazeta do Povo, o cartola reforçou essa versão. "Realmente, foi isso que aconteceu. Eu achei uma barbaridade dar dinheiro para terceiros e não ao meu grupo de profissionais. Não aceitei. E tive de demiti-lo."

Itamar dirigiu o Engenheiro Beltrão no acesso de 2004 – resultado que também está sob investigação do TJD. O tribunal tem indícios sobre a possível manipulação de resultados para beneficiar a equipe do Noroeste no torneio do ano passado.

Mas a história perde força quando se pede provas – ou se levado em conta os vários atritos entre acusado e acusador, além do histórico de confusões no "ninho" da Cobra.

Pouco depois do empate por 1 a 1 com o Dois Vizinhos, na abertura da competição, Tony Almeida teria dispensado Itamar. O diretor veio a público e falou sobre a insistência dele em pagar por fora os apitadores. "Uma situação inaceitável", definiu.

Publicidade

Na via inversa, o técnico garante que pediu o afastamento do cargo – e não o contrário. Afirma ter recebido um bilhete de Almeida com a escalação do time para pegar o Pato Branco, duelo da segunda rodada. A interferência na montagem da equipe, garante, foi a gota d’água para deixar um ambiente insustentável.

"Aquilo era um inferno. Este rapaz que fala de mim não deixa ninguém trabalhar. Tenho 200 anos de futebol e vem esse aventureiro me colocar nesta m... toda", desabafa o treinador.

O depoimento do dirigente, uma das testemunhas que será ouvida durante os julgamentos desta tarde, também foi desqualificado por um atleta do Cascavel: o lateral-esquerdo Zé Maria – que defendeu o Engenheiro na temporada passada.

"É mentira. Esse cara não tem credibilidade alguma. Os jogadores nunca ouviram essa história de comprar juiz", nega o atleta, com um motivo para se posicionar nesta história: foi rejeitado, trabalhou com Itamar no polêmico acesso da temporada passada e – para agravar – acusa Tony Almeida de lesões corporais.

Insatisfeito com o rendimento no empate (1 x 1) com o Foz do Iguaçu, a associação dispensou alguns jogadores – entre eles, Zé Maria. "Quando fui conversar sobre isso, esse indivíduo me deu uma facada no braço", diz. A agressão foi noticiada pela imprensa cascavelense, mas o instrumento do ataque teria sido um pedaço de madeira.

Publicidade