Italianos fizeram ontem à noite o trabalho de reconhecimento de gramado no Maracanã| Foto: Marcelo Sayão/EFE

Nervosismo faz italiano virar estrela

No oceano politicamente correto do futebol, o atacante da Itália Mario Balotelli é o que de mais turbulento há.

Aos 22 anos e com fama de marrento, as confusões que o atacante do Milan precedem seus chutes fortes e a facilidade em finalizar.

Seu perfil ofusca o restante da seleção da Itália. Tem sido assim desde que a Azzurra chegou ao Brasil, esta semana. "Mario não é um jogador como os outros. Viajamos o mundo todo com campeões como Buffon e Pirlo e o mais célebre é ele", diz o técnico Cesare Prandelli sobre o primeiro jogador negro a defender a Itália em um torneio oficial.

Mas é mais fácil ouvir falar sobre Balotelli do que falar com Balotelli. Avesso a entrevistas, não raro passa direto pelos repórteres. Assunto não lhes falta. A polêmica mais recente foi a expulsão no empate por 0 a 0 no amistoso contra a Turquia, no último dia 7.

‘Super Mario’, como é chamado, levou o segundo cartão amarelo e deixou o campo dando socos e chutes no túnel de acesso ao vestiário. No dia seguinte, desculpou-se via Twitter. "Ainda preciso aprender", escreveu. O que não o poupou do puxão de orelha do técnico: "Ele não pode cair em provocação. Um ato dele influi em todo o grupo", afirmou.

Para o filho de imigrantes de Gana adotado por uma família italiana, ocupar o posto de anti-herói parece mesmo uma sina. No empate da Itália por 2 a 2 contra o Brasil, em março, na Suíça, fez o gol que fechou o placar e circulou pela zona mista de jogadores e imprensa apenas de toalha. Coisa pouca, comparado ao que já protagonizou.

Quando estava na Internazionale sem ser escalado por José Mourinho, participou de um programa humorístico usando a camisa do rival Milan.

Em 2010, foi para o Manchester City e virou a alegria dos tabloides ingleses: trocou socos em um treino com Boateng, brigou em boates em véspera de clássico, teve de responder à justiça italiana sobre uma possível ligação com a máfia, revelou ter tido um caso com uma prostituta, foi penalizado por atirar dardos em atletas do time juvenil, incendiou a própria casa ao soltar fogos de artifício no banheiro e, no dia seguinte, se fez de vítima ao exibir uma camisa com a pergunta "Por que sempre eu?".

A frase do seu ex-técnico no Manchester, Roberto Mancini, resume a confusão de sentimentos que instiga: "Não confio no Mário. Ninguém confia. Ele pode fazer tudo. Na próxima semana pode marcar dois gols, mas também pode levar um cartão vermelho", diz.

No ano passado, durante a Eurocopa, foi vítima de racismo no jogo contra a Croácia, mesmo depois de ter ameaçado ‘matar’ quem jogasse bananas para ele em campo. Fez história com os dois gols que levaram a Azzurra à final da competição, perdida para a Espanha (mandou fazer uma estátua com a pose que fez após os gols).

Espere a próxima de Balo­­telli. Pode ser hoje, se a dor na coxa que sentiu na sexta não o deixe no banco.

Adriana Brum

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México e Itália recorrem a um contingente caseiro na Co­­pa das Confederações. Dos 46 convocados pelas duas seleções que estreiam hoje, às 16 horas, no Maracanã, 86% atuam nos gramados dos seus próprios países, restando apenas seis forasteiros nos elencos.

Na Azzurra, o "es­­tran­­gei­­ro" é o goleiro reser­­va Si­­ri­­gu, do Paris Saint-Ger­­main. No México, dos 23 chamados por José Ma­­nuel de la Torre, qua­­tro jo­­gam na Espanha e o atacante Javier Hernández defende o Manchester United.

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Além da intimidade terri­­torial, as seleções incorporam a sintonia clubística dos atletas. O êxito italiano nas Eliminatórias europeias, onde figura em primeiro no Gru­­po B, contou muito com o entrosamento da retaguarda inteira da Juventus. A bicampeã italiana empresta Bufon, Barazagli, Bonucci e Chiellini ao time nacional.

As duas últimas atuações, porém, devem forçar mudan­­ças na Azzurra. O técnico Ce­­sare Prandelli não gostou do desempenho nos empates com a República Tcheca (0 a 0), pelas Eliminatórias, e no amistoso contra o Haiti (2 a 2) e pode usar um esquema inédito, mandando o atacante El Shaarawy para o banco. Giaccherini e Aquilani concorrem para substituí-lo.

Alterações também podem surgir no México, abastecido principalmente por América e Monterrey, com cada time cedendo quatro jogadores. A participação dos atletas Made in México contou, no último compromisso, com o acréscimo de Aquino (Villarreal), Moreno (Espanyo), Guardado (Valencia), G. dos Santos (Mallorca) e Hernández (Manchester).

Eles não impediram, contudo, um tropeço contra a Costa Rica. O 0 a 0 fez a equipe sair vaiada no Estádio Azteca e deixou a classificação à Copa de 2014 ameaçada. Com um jogo a mais em relação aos seus adversários, o time ocupa a terceira colo­­ca­­ção nas Eliminatórias da Con­­cacaf, com oito pontos. Os EUA lideram com dez pontos.

"Nos caiu muito bem vir para este torneio porque vamos jogar contra algumas das melhores seleções do mundo e poderemos mostrar que estamos prontos", disse Chicharito.

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"Aspiramos a coisas importantes. Temos de deixar a pressão de lado e procurar fazer uma boa Copa das Confederações", disse o volante Torrado, 34, remanescente do time que venceu o Brasil na final do torneio em em 99.

Depois da final, com 30.685 ingressos vendidos, o duelo México x Itália é o que teve mais tíquetes negociados: 27.544.

Personagem

Aos 34, Pirlo atrai atenção de mexicanos

O discreto Andrea Pirlo não passa despercebido. Principal engrenagem da Itália, o jogador de 34 anos completa contra o México 100 jogos com a camisa da Azzurra. Tão importante é o maestro italiano que o técnico mexicano De La Torre disse na coletiva de ontem, no Maracanã, que tentar anular o meia talvez seja a melhor estratégia da sua equipe vencer na estreia desta tarde.

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"É um jogador fundamental, que faz todo o time italiano funcionar e pode nos causar problemas", disse o treinador, pressionado por não ver o México vencer há mais de um mês.

"É uma honra um técnico de outra equipe me considerar um jogador importante. Mas, felizmente, não jogo sozinho. Tenho outros jogadores comigo e vamos encontrar uma solução [para a marcação]",declarou Pirlo.

Apesar de ser econômico nas palavras, ele demonstrou sua satisfação em com a marca a ser alcançada hoje. "Tenho muita sorte de estar aqui. Espero poder comemorar em campo", afirmou.

O meia defende a seleção italiana há 11 anos. No tetracampeonato de 2006, foi eleito o terceiro melhor jogador da Copa do Mundo, sendo superado apenas pelo francês Zidane, e pelo companheiro de equipe Cannavaro. O capitão italiano na Alemanha liderou o grupo no qual Pirlo está prestes a ingressar. Cannavaro é o líder em jogos pela Azzurra, com 136, seguido por Buffon, com 128, Paolo Maldini, com 126, e Dino Zoffi, com 112.

Com a Itália líder do seu grupo nas Eliminatórias europeias, Pirlo programa voltar ao Brasil no ano que vem, quando deve encerrar sua vitoriosa passagem pela seleção.

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