São Paulo (AE) Faz um ano que o zagueiro Serginho morreu vítima de ataque cardíaco em campo, quando defendia o São Caetano numa partida contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro de 2004. A tragédia chocou o país, sobretudo porque ela aconteceu ao vivo. O jogo de 27 de outubro era transmitido pelas emissoras de tevê. Doze meses depois, Serginho, um jogador de pouca expressão no cenário nacional, virou nome de Instituto para crianças carentes na cidade mineira de Coronel Fabriciano, onde ele foi enterrado a pedido da própria família.
O Instituto Serginho nasceu da iniciativa da viúva Helaine Cristina de Castro Cunha Nunes Cecílio, que levou a cabo o último desejo do marido um sujeito que passou dificuldades na infância e que sobreviveu graças ao futebol. Dia 12, quando Serginho completaria 31 anos, a entidade abriu suas portas pela primeira vez. Recebeu mais de 2 mil crianças numa festa.
"Estou feliz porque o projeto saiu do papel. Foi uma festa linda, que o Serginho certamente gostaria de ter participado", diz Helaine, que pensa em levar, em breve, a iniciativa para São Caetano do Sul.
Ela busca patrocinadores. Pouco tempo atrás, esbarrou na mulher do prefeito num salão de beleza. Conversaram muito e do encontro fortuito nasceu a promessa de ajuda da Prefeitura de São Caetano do Sul. Helaine ficou animada.
Esta é a parte bonita da tragédia ocorrida com o jogador Serginho há um ano. Existe outra: a dos inquéritos, processos e investigações dos possíveis responsáveis pela morte do jogador. O então presidente do Azulão, Nairo Ferreira de Souza, e o médico do departamento de futebol profissional do clube, Paulo Forte, são acusados na Justiça de homicídio doloso (crime com a intenção de matar), com pena de até 30 anos.
Foi o promotor público Rogério Leão Zagallo quem fez a denúncia ao juiz Cassiano Ricardo Zorzi Rocha, do 5.º Tribunal do Júri de São Paulo. O processo corre em segredo de justiça proibido para consultas públicas. Nairo e Forte foram ouvidos em julho. Mantiveram a versão de que não sabiam dos riscos de morte do zagueiro.
A quantidade de audiências na cidade faz a ação caminhar a passos de tartaruga. Estima-se que no fim de 2006 o juiz possa tomar sua decisão, de remeter ou não o caso a júri popular. Hoje a ação contra os ex-representantes do São Caetano ouve testemunhas dos dois lados.
Na última quinta, ouviu duas indicadas pela acusação, uma delas o fisiologista do Incor, Guilherme Veiga de Guimarães, que confirmou ter avisado Paulo Forte da gravidade do caso. "Não violarei minha consciência. Tendo acesso a provas que inocentam os réus, não vejo motivo para não aceitar a absolvição. Mas até agora, elas (as provas) não apareceram", diz o promotor.
Até agora, apenas o STJD condenou os dois representantes do clube. Nairo pegou gancho de dois anos. Forte, de quatro. Desconfia-se que Nairo segue mandando no São Caetano. Recentemente, ele foi visto no treino dando bronca no elenco por conta da má fase no Nacional.
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