"Não há nada pior que um árbitro banana, aquele que deixa o jogador tomar conta do jogo. Não seja banana. Amarele apenas a cor do seu cartão." Do capítulo "Siga em Frente", este é um dos curiosos trechos do livro Sinais de Trânsito do Árbitro de Futebol, redigido pela Comissão de Árbitros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para instruir árbitros, assistentes e quartos-árbitros filiados à entidade máxima do futebol brasileiro.
Com uma linguagem clara e informal e repleto de determinações diretas (algumas até cômicas) dirigidas ao "administrador de partidas de futebol", o livro é baseado na analogia entre as placas do Código de Trânsito Brasileiro e a sinalização dos juízes nos campos de futebol. "As figuras, muito utilizadas na educação infantil, ajudam a fixar as mensagens que queremos lembrar aos árbitros", ressalta Edson Rezende, presidente da Comissão que elaborou o documento. Concluído no final de 2006 e distribuído aos profissionais da arbitragem desde o mês passado, o livro está à disposição de qualquer curioso no site da CBF (www.cbfnews.com.br). Segundo Rezende, o trabalho foi motivado pela necessidade de lembrar aos juízes recomendações que eles já receberam ao se formar e, sobretudo, pela intenção de padronizar o procedimento dos mesmos em diferentes partes do país.
Para afastar de vez fantasmas do passado recente da arbitragem brasileira, o foco principal da obra (de 83 páginas) é a honestidade e o combate ao antijogo, pois, segundo uma das passagens do seu texto, não há mais espaço "para curiosos, amadores, aventureiros e bandidos travestidos de árbitros" no comando das partidas no Brasil. Tudo da forma mais padronizada possível.
"Queremos que os profissionais tenham um comportamento semelhante em todos os estados brasileiros", destaca.
Além das "figurinhas", o tipo de linguagem utilizada que, segundo Rezende, é a mais "leve e próxima da realidade dos árbitros" foi adotada por causa de um problema cultural que não perdoa nem algumas autoridades do apito: a aversão à leitura.
"Muitos árbitros não gostam de ler. Por isso optamos em deixar de lado o tom pesado dos livros de regras para fazer algo mais leve e objetivo", justifica.
Para Afonso Victor de Oliveira, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paranaense de Futebol, a preocupação de Rezende procede. "Muitos árbitros são preguiçosos para a leitura. Eles sabem aplicar as regas em campo, mas têm muita dificuldade para interpretar a teoria, o que os prejudica profissionalmente", alerta Oliveira. "Por isso minha avaliação deste livro é positiva."
Outro que aprovou a iniciativa da Comissão Nacional de Arbitragem foi Evandro Rogério Roman, um dos árbitros paranaenses mais atuantes no âmbito nacional. "Por ter como objetivo ser claro, universal e não dar margem a interpretações dúbias, gostei do livro", diz.
A boa recepção da obra pode motivar o surgimento de outras "cartilhas" ainda este ano. Segundo Rezende, em maio será publicado um manual orientando os árbitros para o correto preenchimento de súmulas e relatórios, e em julho sairá um "manual do observador", destinado aos profissionais encarregados de avaliar as arbitragens nos estados. E não é só.
"Até o final do ano teremos a publicação de um livro com 1001 perguntas e respostas sobre regas de futebol", promete Rezende.
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