O Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (Confao), criado com o objetivo de discutir o repasse de dinheiro público para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ganhou um grande aliado nesta sexta-feira. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, revelou que foi procurado por nove clubes e vai apoiar a causa junto ao Governo Federal. O dirigente, que está acompanhando a comitiva da Fifa nas viagens pelo Brasil para vistoriar as 17 cidades candidatas a sede da Copa do Mundo de 2014, considera justas as reivindicações.

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"É um erro essa divisão (de verba) como é feita. A CBF, como entidade, não forma jogador. Todos eles vêm dos clubes. O clube é o formador de atleta. E ele tem que receber para continuar esse trabalho. A Lei Agnelo/Piva não dá um tostão para os clubes, que são quem formam os nossos atletas que disputam as Olimpíadas. O Minas não recebe um tostão, o Botafogo não recebe um tostão, o Flamengo não recebe um tostão, o Náutico não recebe um tostão, o Internacional não recebe um tostão, o Cruzeiro não recebe um tostão, o Vasco não recebe um tostão, ninguém que forma o nosso ginasta, o nosso nadador recebe um tostão. Os nadadores treinam onde? Nos clubes", disse Ricardo Teixeira.

Nove clubes de futebol procuraram a CBF nos últimos dias para pedir apoio na luta junto ao Governo Federal. Corinthians, Flamengo, Fluminense, Vasco, Internacional, Cruzeiro, Sport, Santos e São Paulo receberam uma resposta positiva da entidade. Após ouvir as propostas das agremiações, Ricardo Teixeira vai levá-las ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Ministro dos Esportes, Orlando Silva.

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"Os clubes que têm um trabalho com o esporte olímpico são obrigados a transferir dinheiros do futebol para manter os outros esportes. Razão pela qual que vou ficar de mão dada com os clubes de futebol para ajudar esse problema do esporte amador. Existe um incentivo fiscal que o povo brasileiro que paga para ajudar o esporte olímpico. E nada mais justo que isso vá para quem forma os atletas", disse.

Teixeira quis deixar claro que a CBF não tem qualquer interesse na verba de 2% que atualmente é destinada ao COB. Quer apenas que elas sejam repassadas aos clubes.

"A CBF não recebe um tostão, não queremos receber nada e, se um dia recebermos, passo tudo para os clubes. Eles que devem ter esse dinheiro. Olha o que aconteceu agora com a ginástica do Flamengo. Se Niterói não ajudasse, iria acabar por falta de dinheiro".

O presidente da CBF prometeu cuidar do caso o mais rápido possível. Após a visita da comitiva da Fifa ao Brasil, Ricardo Teixeira viaja para Londres para o amistoso entre a seleção brasileira e a Itália, na próxima quarta-feira. O assunto será tratado em seguida.

"Logo que passe o Carnaval vamos reunir os clubes na CBF para conversar. Vamos fazer um mutirão político para que a lei seja alterada para ajudar os clubes".

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O ministro Orlando Silva já demonstrou que acha justa a causa dos clubes e considera a hipótese de dividir o dinheiro da Lei Agnelo/Piva. A discussão sobre o repasse de verbas surgiu após as constantes reclamações dos clubes e, recentemente, a formação de um conselho entre Minas, Pinheiros, Flamengo, Vasco, Fluminense, Grêmio Náutico União, Sogipa e Corinthians. As agremiações reivindicam que parte dos 2% da arrecadação bruta das loterias federais que vai para o COB e para o Comitê Paraolímpico Brasileiro seja dividida com os clubes formadores de atletas olímpicos. O COB alega que o repasse caberia a cada confederação.

COB prefere ignorar ataque da CBF Procurado, o COB disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o apoio da CBF aos clubes. No dia em que o Confao foi criado, a entidade enviou uma nota oficial rebatendo as críticas e dizendo que já ajuda os clubes com recursos além da Lei Piva.

Responsável por centralizar o estudo que definiu os novos critérios de repasse da lei, o superintendente do COB, Marcus Vinicius Freire, disse não querer e não estar autorizado a falar sobre o relacionamento da entidade com a CBF.