A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não vai dar nenhuma importância para as especulações sobre a substituição de Dunga por Luiz Felipe Scolari no comando da seleção. O discurso dos dirigentes da entidade será o mesmo dos últimos dois anos - "Dunga é o técnico da seleção". Uma eventual mudança, porém, não surpreenderá ninguém no mundo do futebol, principalmente se o time do Brasil fracassar nas próximas rodadas das Eliminatórias da Copa de 2010.
O Brasil ocupa hoje o segundo lugar nas Eliminatórias, atrás apenas do líder Paraguai, mas com apenas um ponto na frente de Argentina e Chile. Em 29 de março, enfrentará o Equador, em Quito, e, três dias depois, atuará em casa contra o Peru. Dois tropeços seguidos poderiam levar a CBF a rever sua posição. E Felipão surgiria como a primeira opção - desde que não tenha acertado nenhum contrato milionário com outra seleção ou clube.
Depois dos confrontos com Equador e Peru, o Brasil ainda vai jogar seis vezes pelas Eliminatórias em 2009. Em meio a esses compromissos, disputará em junho a Copa das Confederações, na África do Sul - em 2001, o técnico Emerson Leão foi demitido da seleção após campanha medíocre da equipe nessa mesma competição, realizada na Coreia do Sul e Japão.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, já reiterou que Dunga só estará sob ameaça se o Brasil correr risco nas Eliminatórias. Na prática, não foi assim que a entidade agiu com Leão e, pouco antes, com Vanderlei Luxemburgo - demitido após o fiasco da seleção nos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney.
Ano passado, diante de atuações muito ruins da seleção, nomes como o de Luxemburgo, Muricy Ramalho e Paulo Autuori foram cotados para a vaga de Dunga. Hoje, com a saída de Felipão do Chelsea, esses três "candidatos" estariam em segundo plano. Não que a relação de Ricardo Teixeira e o técnico que liderou a equipe no pentacampeonato de 2002 seja muito boa.
Ricardo Teixeira e Felipão já tiveram rusgas. O estilo centralizador e durão do treinador não permite ingerências. Pouco antes da Copa do Mundo de 2002, o presidente da CBF tentou sutilmente "convocar" Romário. Mas o treinador reagiu com veemência e deixou o atacante fora, mesmo depois de tê-lo levado para jogo com o Uruguai, em Montevidéu.
A saída de Felipão da seleção, após a conquista do título mundial, também foi marcada por sinais de mal-estar. O tempo passou, a seleção perdeu crédito com a campanha ruim de 2006, na Alemanha, e Ricardo Teixeira apostou na renovação, com Dunga. Como em toda aposta, o risco de perder é real. Mas, por enquanto, na avaliação da CBF, Dunga ainda tem fichas na mesa.