Representantes do Bom Senso FC, grupo de cerca de 800 jogadores das séries A e B do futebol brasileiro, entregaram hoje um dossiê para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com os cinco pontos que consideram precisar de mudança no campeonato nacional.
Cinco jogadores estiveram na sede da CBF, no Rio, ontem à tarde: os meias Juninho Pernambucano, do Vasco, e Seedorf, do Botafogo; o goleiro Dida, do Grêmio; e os zagueiros Paulo André, do Corinthians e Cris, do Vasco.
O grupo teve uma reunião de cerca de duas horas com o presidente da CBF, José Maria Marín, com o vice-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, e com o diretor jurídico Carlos Eugênio Lopes. Segundo Paulo André, que foi o porta-voz do grupo, as partes ficaram de se encontrar novamente em duas semanas para discutir as possibilidades de mudanças.
Os cinco pontos propostos são 30 dias de férias para os jogadores por ano, período de pré-temporada maior, máximo de sete jogos a cada período de 30 dias, a adoção do chamado "fair play financeiro" e que comissões de atletas, treinadores e executivos dos clubes façam parte do conselho técnico das competições e entidades.
Paulo André falou rapidamente com os jornalistas. O jogador não deixou claro o que o grupo poderá fazer caso a CBF não aceite negociar as mudanças. Questionado sobre uma possível greve de jogadores nas últimas duas rodadas deste campeonato, o zagueiro desconversou.
Disse apenas que as mudanças são necessárias para que a qualidade do futebol apresentado melhore. Só o fato de a CBF receber o grupo, afirmou, demonstra boa vontade da entidade em negociar. "Nós deixamos a bola nos pés da CBF para que ela se posicione e nos mostre atitudes benéficas para o futebol brasileiro", disse Paulo André.
"A CBF ficou de analisar o documento e em duas semanas nós vamos ser chamados aqui para conversar sobre os pontos e começar a definir objetivos e metas já para o ano que vem", afirmou o zagueiro, que criticou a qualidade do futebol brasileiro e a baixa presença de público. "Nós temos visto um futebol de baixa qualidade e eventos ruins. Acho que com algumas medidas nós podemos melhorar muito essas condições. É do interesse de todos", disse.
Em nota, Marin argumentou que algumas das solicitações dos jogadores já estão sendo estudadas pela CBF, como o fair play financeiro. O dirigente garantiu também que está conversando com líderes das federações estaduais para solucionar a questão da pré-temporada, reduzida no calendário de 2014, divulgado recentemente. Marin prometeu dar uma resposta aos jogadores sobre as reivindicações em duas semanas. O prazo se deve aos compromissos do dirigente com a seleção brasileira na Ásia.
"Gostei muito da reunião. Os jogadores se mostraram ponderados e com o entendimento de que algumas mudanças não podem ser feitas de um dia para o outro", falou Marín. "Eles [jogadores] saíram daqui conscientes de que à CBF não cabe também uma decisão unilateral sobre os problemas abordados. O que torna necessária a discussão com todos os setores envolvidos para que se chegue a uma solução que seja benéfica para o futebol brasileiro como um todo", concluiu.
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