Super Águias tentam ficar com a bola
Grande virtude da Espanha, a manutenção da posse de bola é também a arma da Nigéria para obter a improvável classificação à semifinal da Copa das Confederações. As Super Águias foram a segunda seleção a ficar mais tempo com a bola no pé nas duas primeiras rodadas, com 57,5%. Perdem nesse quesito apenas para os espanhóis, com 66,5%.
"O futebol nigeriano gosta de atacar e manter a posse de bola e a mesma coisa acontece com a seleção espanhola. Eles não deixam o oponente ter a possa de bola. Vamos nos obrigar a tomá-la", explicou o técnico Stephen Keshi.
A Nigéria precisa não só ter a bola, como ser eficiente nas finalizações. Este tem sido um problema nas Eliminatórias da Copa, em que a equipe tem média de um gol marcado por jogo. Para se classificar, as Super Águias precisam derrotar a Espanha, que não perde em torneios oficiais desde a estreia na Copa-2010 (são 27 partidas invicta). Além disso, torcem para que o Uruguai não reverta o saldo de gols, hoje a favor dos africanos 5 a 0. Nada que assuste os nigerianos.
"Não acho que nenhum dos jogos jogadores esteja assustado. Temos orgulho dos nossos times, orgulho dos nossos jogadores. Estamos aqui para representar nossas cores. Eles são importantes, mas não temos medo da Espanha", afirmou, exaltado, batendo na camisa e segurando o escudo, o goleiro e capitão Vincent Enyeama.
A Espanha desembarcou no Brasil para a Copa das Confederações discutindo a falta de um camisa 9 legítimo para dar mais agressividade ao seu time de sequências eternas de trocas de passe. Neste domingo (23), encerra a primeira fase com uma profusão de opções para a função de aríete, como é chamado no país campeão mundial o homem de área. O jogo contra a Nigéria está marcado para 16 horas, na Arena Castelão, em Fortaleza.
A Fúria assegura o primeiro lugar no grupo com um simples empate. As Super Águias precisam ganhar e torcer para que o Uruguai não goleie o Taiti por uma diferença que a supere no saldo de gols: quatro para os africanos, zero para a Celeste.
Vicente Del Bosque convocou para o torneio quatro jogadores capazes de exercer a função de matador. Dois especialistas, Roberto Soldado, do Valencia, e Fernando Torres, do Chelsea; dois improvisados, Cesc Fàbregas e David Villa, ambos do Barcelona. Todos foram usados nas duas partidas, contra Uruguai e Taiti, sempre combinando um especialista a um falso 9, e deixaram ótima impressão.
Na estreia diante dos uruguaios, Fàbregas deu um passe magistral para Soldado marcar seu sexto gol em dez partidas pela seleção. No massacre por 10 a 0 sobre os taitianos, Torres saltou direto para a artilharia do torneio, com quatro gols, seguido de Villa, com três.
"Todos têm qualidades muito especiais que os convertem em jogadores muito úteis e de grande nível", comentou Del Bosque logo após a vitória no Maracanã.
Torres e Villa têm mais história na seleção. El Niño coleciona 35 gols em 103 jogos. O mais importante deles, o do título da Euro-2008, a primeira da série de conquistas que elevou a Espanha ao topo do futebol mundial. Villa era o titular do ataque na Copa de 2010. Fez os dois gols do triunfo sobre Honduras, na primeira fase, e nos 1 a 0 sobre Portugal e Paraguai, nas oitavas e quartas de final, respectivamente.
"Eles são impressionantes. Não conseguimos detê-los em momento nenhum. Se continuarem jogando assim, serão facilmente os goleadores do campeonato", elogiou Eddy Etaeta, técnico do Taiti. "Vê-los jogar neste nível é reconfortante e mostra que ninguém é imprescindível nesta equipe. Essa é a força da Espanha", reforçou Soldado.
Hoje, contudo, Soldado e Fàbregas devem reassumir a titularidade. Junto com Xavi, Iniesta e o estilo de toque de bola da Espanha. Diferença sentida estatisticamente. Contra o Uruguai foram 1.036 passes (88% de acerto). Diante do Taiti, "apenas" 714, com aproveitamento de 86%.
"Todos jogamos nas melhores equipes do mundo, e por isso não nos falta confiança. Se a minha atuação serve para eu ganhar um lugar? Não preciso demonstrar nada a ninguém, já jogo com esta camisa há mais de dez anos", discursou Villa, pedindo nas entrelinhas um lugar na nova forma de jogar do ataque espanhol.
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