Quente e cara, cerveja voltou aos estádios brasileiros por brecha da lei| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Principal polêmica da Lei Geral da Copa, a venda de cerveja nos estádios voltou a ser liberada temporariamente durante a Copa das Confederações. Dentro do Estádio Mané Garrincha, os torcedores que aproveitaram a trégua na legislação para beber pagaram caro – entre R$ 9 e R$ 12. Houve mais críticas ao preço e à obrigatoriedade de comprar marcas parceiras da Fifa do que sobre a brecha legal.

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"Futebol combina com uma cervejinha, não acho que é isso que aumenta a violência", disse o músico Léo Almeida, 31 anos. Ele foi ao jogo acompanhado do irmão, Lucas, 30 anos, que aprovou os copos reutilizáveis de plástico entregues com a bebida – por segurança, não houve latas nem garrafas de vidro. "É bonito, vou levar para casa e usar para comer cereal", brincou.

Fora do estádio, a venda foi feita em quiosques da Budweiser e da Brahma pela metade do preço. O calor próximo aos 30°C, no entanto, prejudicou o resfriamento da bebida. Boa parte dos clientes comprava cerveja "morna" e recebia um copo de gelo.

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"Compra aqui que lá dentro é o dobro", gritava um vendedor em uma barraquinha montada no Eixo Monumental, principal via de acesso à arena.

"É mais uma das palhaçadas da organização", criticou o publicitário Tiago Gianini, 32 anos, um dos que andavam com cervejas e um copo com gelo. Dentro do Mané Garrincha, a quantidade de vendas foi considerada "normal" pelos vendedores se comparada à procura por água e refrigerante.

A venda de álcool em estádios é proibida há sete anos por acordo entre a CBF e órgão de Justiça, além de leis estaduais. A Lei Geral da Copa liberou a comercialização apenas para jogos da Copa das Confederações e da Copa de 2014. Um dos principais patrocinadores dos dois eventos é a Budweiser.

A legislação cria normas rígidas para proteger as marcas atreladas à Fifa e seus parceiros oficiais. Empresas não autorizadas que fizerem atividades de publicidade (como provas de comida ou bebida e distribuição de brindes) nos locais de competição e até em suas principais vias de acesso serão obrigados a pagar indenização.

As regras – e a fiscalização – afugentaram os ambulantes. Próximo ao estádio, apenas um vendedor de camisas com as cores do Brasil foi visto pela reportagem. Ele carregava o material em um saco plástico preto.

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"Cada um se vira como po­­de", disse ele, que pediu para não ser identificado. "O segredo é ficar longe, só se eu der na vista a coisa pode complicar. Já vendi umas 20." As camisas, de algodão, custavam R$ 15 – quase o preço de uma cerveja.