Futebol e política andam juntos há tempos. O Brasil bem sabe disso. A seleção foi utilizada para mascarar os efeitos da ditadura, principalmente, na década de 70. Atento, o presidente venezuelano Hugo Chávez não poderia deixar passar a oportunidade de também tirar vantagem da magia da bola. Na primeira vez em que seu país recebe uma Copa América, o coronel abriu o bolso para financiar o torneio.
Chávez está aproveitando o torneio de futebol num país cujo povo adora o beisebol como mais um canal de propaganda. Amanhã, por exemplo, quando Venezuela e Bolívia jogarem, às 21h50, terá a seu lado o colega e aliado Evo Morales, a quem fez um "convite especial". Ele quer mostrar seu rincão como um modelo a ser seguido, no contexto da controversa "revolução bolivariana" alardeada pelo anfitrião.
O populista Chávez fez questão de garantir que o evento tivesse um grande número de sedes. Uma forma de agradar mais gente e fazer sua propaganda, que, aliás, não falta nas ruas, onde se vê o rosto do presidente em outdoors a cada 100 metros.
Assim, cada grupo terá três cidades diferentes abrigando seus jogos. Um exagero. Na Copa da Alemanha, a maior competição esportiva do planeta, foram 12 estádios para 32 seleções e 8 grupos. Na Venezuela, estão escalados 9 estádios para 12 equipes e 3 chaves.
Foram gastos US$ 1 bilhão na construção de três estádios, reforma e modernização de outros seis, melhorias em aeroportos, construção e ampliação de estradas, melhorias no transporte coletivo e outras obras de infra-estrutura. Só para comparação: em 1995, o Uruguai gastou US$ 24 milhões com o torneio; a de 1997 custou US$ 10 milhões à Bolívia; em 2001, US$ 20 milhões foram investidos pela Colômbia; e em 2004 o Peru desembolsou US$ 13,2 milhões.
O aparato de segurança que chegou a assustar a delegação brasileira é um capítulo particular. Ruas, concentrações e estádios estão superpoliciados, numa clara intenção de mostrar ordem, mas também uma discutível força militar. (SG, com agências)
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