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Hoje não é um domingo qualquer em Curitiba. É dia de Atletiba. A espera foi longa, de 484 dias, mas às 17 horas, na Arena, as duas maiores torcidas do estado finalmente poderão voltar a sentir o êxtase de saborear uma vitória sobre o maior rival.

Pelo menos é o que os fãs de Atlético e Coritiba ansiosamente esperam, sem esconder o temor pelo reverso da moeda. Quem perder, terá de amargar aquela que é a pior das derrotas e se submeterá ao tripúdio do adversário. A expectativa de viver momentos tão contrastantes e antagônicos quanto as cores rubro-negras e alviverdes deixará hoje a tensão de boa parte dos paranaenses à flor da pele, tudo por causa do principal ingrediente de um grande clássico de futebol: a rivalidade.

Em nome dela, muitos casais, famílias e amigos serão divididos nesta tarde. À parte das declarações diplomáticas de jogadores e comissões técnicas proclamando respeito ao adversário, entre os seguidores da dupla o clima é de provocações sadias ao rival.

Para atleticanos e coxas, o bom mesmo é ter motivos para tirar um sarro do colega, vizinho, irmão, esposa, etc. Contudo, mesmo acirrando os ânimos, quando a disputa respeita os limites do bom senso surgem histórias que há mais de 80 anos apimentam o encontro mais aguardado do futebol do Paraná.

Uma delas marcou a infância e fez surgir uma das paixões do professor de História Rafael Galvão, 28 anos, mais conhecido como Billy. Aos oito anos, quando ainda morava nas imediações do Alto da Glória, foi ver com o pai e os dois irmãos o primeiro Atletiba da sua vida. Apesar de já ter acompanhado com a família coxa-branca alguns jogos do Coritiba, aquele era o seu primeiro clássico.

"No primeiro tempo o Coxa estava ganhando, mas percebi que a torcida do Atlético continuava agitando. Gostei daquilo e pensei: lá é o meu lugar", lembra. Sem titubear, o garoto pediu dinheiro ao pai no intervalo com a desculpa de comprar pipoca e deu um jeito de ir para o outro lado. Com o dinheiro da pipoca comprou uma faixa rubro-negra e viu o segundo tempo todo de lá mesmo.

"Dei sorte, pois o Furacão virou o jogo", ressalta.

Após ouvir chamar o seu nome pelo sistema de som para reencontrar o pai preocupado, decidiu não voltar ao lado alviverde, com medo que alguém visse a faixa recém-comprada. Assim, só foi reencontrar a família após o jogo, já em casa. Seu pai, que lamentava a dupla perda (do filho e do seu time), ainda teve de dar explicações para a esposa.

"Quando cheguei, é claro que levei uns safanões, mas depois ficou tudo bem. Naquele dia descobri que era atleticano", destaca.

Para o seu irmão, o engenheiro químico Michel Galvão, 29, a história não é bem essa. "Ele foi comprado por quatro Chicabons (o picolé) pagos uma tia que foi passear com ele durante um jogo do Atlético na Baixada. Já vi gente ser vendida por milhão e mensalão, mas nunca tinha visto por Chicabon", provoca o coxa-branca, que diz não se incomodar quando o "ovelha-negra" da família pendura cartazes atleticanos pela casa.

"Nada do que ele faz me atinge, pois tenho certeza de que o Coritiba sempre terá mais títulos e mais torcida", desafia o irmão mais velho.

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