Sorrisos, abraços, brincadeiras e conversas, sempre leves. É dessa forma que a imprensa esportiva é recebida na Arena da Baixada, no Couto Pereira e na Vila Capanema, desde os anos 70. Recepção calorosa de Maria Francisca Klosienski, 66 anos, ou como todo mundo a conhece, a Chica.
Já são 45 anos ligada ao futebol do estado. Tempo para Chica tornar-se das personagens mais queridas do meio. Tempo em que a funcionária da Associação dos Cronistas do Paraná (ACEP) teve de abraçar também para travar suas lutas pessoais.
Chica está enfrentando um novo câncer, de pele. É o terceiro, após a descoberta de outros dois, de mama e intestino. Batalhas que, você pode acreditar, não diminuíram o alto astral daquela que também é chamada de "rainha do futebol paranaense", não sem justiça.
Um símbolo da luta contra o câncer, em pleno Outubro Rosa, mês de conscientização e alerta, especialmente das mulheres, sobre a importância da prevenção e diagnóstico da doença na mama e no colo do útero.
O espanto: tenho câncer de mama
A luta contra o câncer começou em 2015. Chica descobriu nódulos na mama fazendo o autoexame no banho. Foram quase dois meses entre o primeiro sinal e a confirmação do câncer na mama esquerda. Após o espanto, o duro tratamento e o desfecho dramático: a necessidade de retirada da mama.
Período em que Chica nunca largou os estádios. Alguns dias, saía do tratamento, no Hospital Evangélico, e ia direto trabalhar nos estádios, conferindo carteirinhas, checando credenciamentos, distribuindo os lugares.
“Continuar trabalhando foi o que me ajudou muito. Eu não parei em nenhum momento. Foi como eu achei a força que precisava, porque eu estava e estou entre amigos”, conta Chica.
“Que incentivo que você vai ter fechado em casa, entre quatro paredes? Tinha dia que eu fazia comida, arrumava a casa, fechava a cortina e ia deitar. Mas eu pensava, não é isso que eu quero. Pegava, abria a cortina, clareava o quarto e via a luz do sol”, relembra.
Luta que não acaba
Depois de estar praticamente curada do câncer de mama, em 2017, descobriu um câncer grave, desta vez no intestino. E, novamente, foi a persistência que a fez prosseguir.
Ainda em processo de tratamento, outro surgiu: de pele, na região do pescoço, uma metástase do câncer de mama.
“Estou matando um leão por dia, para ele não me matar. Eu não posso me entregar, tenho certeza que se eu me abalar, eu vou mesmo. Já passou tanto pela minha cabeça, mas eu disse: não vou me entregar”, finaliza.
História no futebol
Chica começou em 1969, na antiga Rádio Colombo, como uma anfitriã. Depois, em 1975, começou a representar a Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná (Acep), responsável por registrar a entrada dos cronistas esportivos do Brasil nos estádios de Curitiba. Na associação, ficou até 2011, quando foi demitida após quase 27 anos.
Mas a paixão pelo futebol e pelo trabalho fizeram com que ela seguisse na função. Entre 2004 e 2009, trabalhou no departamento de registros da Federação Paranaense de Futebol (FPF), até alcançar o tempo de aposentadoria. Porém, voltou aos estádios, contratada agora pelos clubes por partida.
“Quando eu não vou, no jogo seguinte, já me perguntam se estou bem”, conta. Respeitada e adorada em todos os estádios, Chica tem seu clube do coração, mas prefere não revelar abertamente. Os amigos sabem, já que ela era daquelas torcedoras apaixonadas, que não perdia um jogo.
Mesmo tendo um clube do coração, tem bom relacionamento com todos os dirigentes atuais de Athletico, Coritiba e Paraná. E sente falta quando os campeonatos acabam.
“Me dou super bem com todos [dos três clubes], até o pessoal de fora. Minha vida está aqui. Chega em dezembro, eu sinto falta porque não tem jogo. Você sente muita falta porque é teu dia a dia. Me aposentei no futebol”, diz.
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