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Equipe de cineasta alterou vídeos alterados até a última hora
Folhapress
Copenhague - Tamanho foi o perfeccionismo da campanha Rio-2016 que uma ilha de edição chegou a ser instalada no hotel Sankt Pitri, em Copenhague, para mexer até a última hora nos filmes que seriam mostrados aos membros do COI.
"A O2 montou uma ilha para ficar remontando o filme a cada dia de acordo com o que o Scott queria", disse por telefone, o cineasta Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes e que assina as peças com Paulo Caruso e Rodrigo Meirelles.
Scott, no caso, é Scott Givens, ex-vice-presidente de entretenimento da Disney e responsável pelas aberturas do Pan-2007 e de Sydney-2000. Foi o americano que capitaneou a apresentação brasileira ontem não apenas os vídeos, mas também os discursos da apresentação.
"(O Brasil) fez uma apresentação fantástica, emocional, gostei muito", disse o campeão olímpico de salto com vara Sergei Bubka, um dos votante do Comitê Olímpico.
Talhada por Givens, a exposição foi eficaz. Os discursos proveram as explicações técnicas de que o COI precisava e insistiram no que foi o principal argumento da campanha brasileira: realizar a primeira Olimpíada da América do Sul.
Na hora de agradecer, um dos primeiros citados pelo presidente Lula foi o marqueteiro inglês Mike Lee, o mesmo que levou para Londres os Jogos de 2012. Depois, Carlos Nuzman listaria seis marqueteiros. Só com consultoria, a campanha de Rio-2016 gastou R$ 52 milhões.
Copenhague - O lenço levado ao rosto diversas vezes durante a entrevista coletiva como cidade vitoriosa, o rosto inchado e os olhos muitos vermelhos delataram o que seria colocado em palavras minutos depois. A escolha do Rio para organizar a Olimpíada de 2016 foi, "talvez", o dia mais emocionante da vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"E eu, que achava que não tinha mais motivo para emoção, porque já fiz tanta coisa na minha vida, conheci tanta gente, pensei que não ia mais me emocionar", disse Lula. "Mas eu era o mais emocionado e o mais chorão."
O presidente disse que não aguentava olhar para o lado e ver Bárbara Leôncio, 17 anos, campeã mundial juvenil de atletismo, em prantos toda hora. E que chorou na coletiva porque não teve "coragem de chorar durante a apresentação".
Logo Lula começaria a desfilar agradecimentos. Primeiro, pelo "carinho do Jacques Rogge", o presidente do COI. Depois, elogiaria as apresentações do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes. Na ponta da bancada, Paes não se continha. Antes de assinar o contrato do Rio como sede, erguia a caneta como um troféu ou uma tocha olímpica.
No fim da entrevista, abordado no palco pela reportagem mais uma vez, o presidente respondeu com um tapinha na cabeça.
"Vamos dar um tempo para a emoção hoje (ontem)", afirmou, agarrado à bandeira brasileira, abraçado aos demais membros da delegação, os olhos mais uma vez marejados.
As lágrimas eram a catarse de três anos de campanha concentrados em dois dias de intensa tensão. Lula passou a véspera e o dia do anúncio da sede ansioso entre reuniões, recepções e apresentações por votos.
Antes falando pouco e evitando entrevistas, ontem não se conteve ao chegar da apresentação no Bella Center, o pavilhão onde o Comitê Olímpico Internacional promoveu os eventos de escolha da sede. Animado e visivelmente tenso na entrevista coletiva, ele diria que estava "quase chorando de nervoso" disse, primeiro, que esperaria o resultado. Em seguida, já com a fala acelerada, animou-se com a ideia de assistir ao anúncio com os jornalistas, em vez de ficar no hotel, como planejara.
Elogiou o filme da apresentação. Abraçou dois jornalistas. Tudo em um intervalo de minutos. Mas o presidente assistiria ao anúncio no auditório do Bella Center, e a mídia teria de se contentar em vê-lo pelo telão. Quando o envelope aberto por Rogge mostrou o nome do Rio de Janeiro, foi uma explosão do lado brasileiro da plateia. Do lado de fora do auditório, a gritaria foi semelhante.
As mulheres dos membros da delegação subiam em cadeiras. Jornalistas invadiam a área interditada. Um dos presentes disse à reportagem que a situação era "indescritível" e de "muita, muita emoção" entre os ministros, políticos, diplomatas, assessores. "É só choro."
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