Punição
Além do aposentado Tcheco, o técnico Marcelo Oliveira não estará no banco de reservas amanhã contra o Palmeiras. Ele pegou uma partida de suspensão por ter xingado o árbitro Wilton Pereira Sampaio durante o duelo com o time paulista em Barueri, que abriu a decisão da Copa do Brasil. Do outro lado, o STJD tirou Valdívia e Luiz Felipe Scolari do confronto desta quinta-feira no Couto Pereira.
Toda família curitibana tem sua história do 17 de julho de 1975, o dia em que nevou na cidade pela última vez. A dos Simas Luciano é assim: "Eu e minha esposa demos uma fugidinha, e nove meses depois nasceu o Tcheco. Aposto que o seu pai não sabe o dia em que você foi feito, mas eu sei quando fizemos o Tcheco", conta, orgulhoso, seu Zezé.
A vida iniciada no dia em que Curitiba amanheceu branca de neve terá o seu primeiro fim hoje, quando Anderson Simas Luciano, o Tcheco, anunciará, aos 36 anos, a aposentadoria como jogador de futebol. O local para o anúncio não poderia ser mais apropriado, o Estádio Couto Pereira, onde o meia viveu alguns dos seus melhores momentos nos gramados, pontuados por três títulos estaduais e um de Série B. Também será o endereço presente no cartão de visitas do novo executivo do departamento de futebol coxa-branca, onde ele trabalhará já a partir de amanhã.
Tcheco amadurece a ideia de se aposentar desde o meio do ano passado. Pensou em parar em dezembro, mas o corpo sinalizou que era possível jogar mais um pouco. Disputou o Paranaense, a Copa do Brasil e, enfim, decidiu pendurar as chuteiras. Uma decisão nada simples, tomada apenas na segunda-feira, após um dia inteiro conversando com o presidente Vilson Ribeiro de Andrade e o superintendente de futebol Felipe Ximenes.
"Eu estou muito bem fisicamente. Mas com a idade a dor vem antes e demora a passar. Não tenho o mesmo fôlego dos meninos, mas o time é muito novo, precisa da minha experiência", disse Tcheco, ontem, à Gazeta do Povo, demonstrando toda a angústia com o momento.
Angústia acompanhada de perto por seu Zezé, que tem passado várias horas dos últimos dias "abraçando e alisando" o filho. "Ele me diz que o coração quer continuar, mas a cabeça diz que é hora de parar", conta o pai, que jura ter em algum canto perdido da sua casa a primeira foto do filho com uma bola de futebol, com um ano de idade. "Eu organizava o campeonato de futebol da Slaviero e quando olhei para o campo, lá estava ele com a chupeta na boca e a bola debaixo do braço. Nunca mais esqueci essa cena", relembra.
Ontem, uma centena de crianças com uma bola debaixo do braço mostrou a Tcheco o tamanho da sua importância para o Coritiba. O jogador fez uma participação especial na Colônia de Férias organizada pelo clube. Foi recebido aos gritos de "Fica, Tcheco!". No almoço, vários meninos faziam questão de pôr no prato os mesmos ingredientes escolhidos pelo ídolo. Antes de ir embora, Tcheco deu autógrafo para cada um deles. No fim da fila estava Éverton Ribeiro, camisa 10 coxa-branca e um dos meninos crescidos que Tcheco hesita em deixar.
O vice-campeonato da Copa do Brasil por pouco não o fez adiar a aposentadoria. Como ele mesmo diz, não queria abandonar o barco depois do tombo contra o Palmeiras. Sente que, sem ele, Pereira ficará sobrecarregado na missão de liderar o grupo. "O Marcelo Oliveira sempre diz que quando eu falo, todo mundo para e ouve. Não sei se é o tom de voz ou as palavras que eu escolho, pois eu sou muito duro com eles", diz o futuro ex-jogador, que tem na ponta da língua o que lhe fará mais falta. "Não ir para o vestiário trocar de roupa, se preparar para o jogo, entrar em campo, brigar com o juiz... Essas coisas que fazem parte da minha vida há tanto tempo."
Hoje, Tcheco terá novamente uma plateia atenta a cada palavra que sair da sua boca. E ele garante não ter a menor ideia do que dizer. "O mais difícil vai ser escolher as palavras para explicar minha decisão", conta.
Apesar de marcar hora para a despedida oficial, o ídolo não conseguiu esperar e já se aposentou "virtualmente". De maneira sucinta, antecipou o adeus ainda ontem à noite, pelo Facebook.
Tcheco estreia como dirigente chefiando a delegação no Nordeste
Tcheco nem terá muito tempo para lamentar o fim da carreira. Imediatamente após o anúncio da aposentadoria, o meia assumirá sua nova função dentro do Coritiba. Ainda não há um nome específico para o cargo, mas sim sua definição: mostrar a filosofia de trabalho do clube para atletas de todas as categorias, receber os novos jogadores, ajudar nas contratações e representar o Coritiba fora da cidade e do Brasil. Será um Krüger repaginado, conforme definição corrente no clube.
A estreia de Tcheco como executivo será já no fim de semana. Ele chefiará a delegação coxa-branca na viagem ao Nordeste, para as partidas contra Bahia (domingo) e Náutico (quarta-feira). Continuar próximo ao elenco era uma das preocupações do futuro ex-jogador, que considera a sua presença fundamental para o time superar a perda da Copa do Brasil. "Os jogadores que ficaram do ano passado sentiram mais. Eles só foram conseguir dormir na segunda-feira", diz.
No dia a dia, Tcheco responderá diretamente ao presidente, Vilson Ribeiro de Andrade, e ao superintendente de futebol, Felipe Ximenes. Será ouvido nas contratações de reforços, mas não pretende interferir nas negociações. "Uma coisa sou eu, presidente, chegar e dizer para os jogadores o que é o Coritiba. Outra é o Tcheco, que tem uma história dentro do clube, sempre honrou nossa camisa. Ele é uma grande liderança, os jovens se aconselham muito com ele. Sua importância extrapola o campo de jogo", elogia Vilson.
No novo plano de carreira do Coritiba para Tcheco também estão incluídas viagens ao exterior, tanto como embaixador coxa-branca quanto para realizar estágios em outros clubes. Com a agenda cheia, Tcheco ainda não sabe se fará um jogo de despedida.
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