Elton passou no time do Barigui, foi à Vila Capanema e voltou ao Timãozinho| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

2ª chance

Timãozinho fatura com renegados

Não são só os jogadores que já atuaram no Corinthians-PR que veem no clube a bola de segurança. O time do Barigui também se destaca por recuperar atletas revelados nos grandes da capital, mas que não foram aproveitados. Tcheco, Bruno Batata ou Rodrigo Batata são os exemplos da estratégia que, por anos, é sinônimo de lucro para o clube do Barigui.

"Quando você é formado em um time grande é aquela história: ou você estoura logo ou amarga o ostracismo", diz Bruno Batata, atualmente emprestado ao Brondby, segundo colocado do Campeonato Dinamarquês.

Por enquanto, o jogador entrou em quatro partidas e marcou um gol. Com vínculo até a metade des­­te ano, se for contratado em definitivo, será mais um atleta que chegou a custo zero no Barigui e renderá bons frutos aos cofres do Timãozinho.

"Eu tive poucas chances no Coritiba. Comecei bem, marquei gol em Atletiba, mas depois [com a contratação de Tuta] não tive mais espaço", lembra Bruno que encontrou no time de Joel Malucelli a tranquilidade necessária para desenvolver o futebol. "Ali é algo mais familiar. Você não tem aquela pressão de time grande, com imprensa em cima, torcida... Existe pressão, claro, mas é um ambiente bem mais tranquilo."

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A cada ano a história se repete no time do Parque Barigui. De­­pois de exportar seus jogadores ao final do Estadual, o Corin­­thians-PR os repatria quase na mesma quantidade quando as competições nacionais acabam.

O clube é tido como uma es­­pé­­cie de porto seguro para os atletas que se destacam jogando no Ecoestádio. O ciclo é simples: eles saem, tentam a sorte em outras equipes quando o time fecha as portas sem competições para disputar, e – se não tiverem o sucesso esperado (ou quando o contrato acaba) – têm o lugar garantido para o recomeço.

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Em 2011, a escalação da equipe terá velhos conhecidos dos ainda escassos torcedores do clube. Na zaga, Leandro, que já foi emprestado ao Paraná e que disputou o Brasileirão pelo Atlético, voltou.

Já o meia Elton ficou no Corin­­thians no período de en­­tressafra, mas no ano anterior havia trocado o clube pela Vila Ca­­panema.

Cícero foi um dos últimos a ex­­perimentar a sensação de li­­ber­­dade e, logo depois, voltar para a velha casa. Depois de três anos atuando no time do empresário Joel Malucelli, passou o último semestre em Bragança Paulista, no Bragantino.

A lista ainda tem os volantes Renan e Paulo Henrique. O último foi formado no Malutrom, rodou pelo mercado e retornou ao Barigui. O outro, que passou pelo J. Malucelli, seguiu o mesmo roteiro.

Isso sem falar no técnico Amauri Knevitz, que já teve duas outras passagens na agremiação.

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"É um time que te dá condições de trabalho e está sempre chegando para brigar. No ano passado isso não aconteceu no Parananense, mas fomos bem na Copa do Brasil. E isso chama a atenção de outros clubes", afirma Cícero, jogador que está com 27 anos.

Para um time de pequeno porte como o Corinthians, que muitas vezes não tem calendário para disputar no segundo semestre, a atenção dada aos atletas é o grande diferencial para ser sempre pretendido por quem já jogou por lá.

"O clube vê apartamento, você pode trazer a família e só se preocupar em jogar bola. Na maioria dos lugares, o pessoal contrata e você tem de se virar com o resto. Aqui o pessoal está sempre preocupado contigo", diz o volante.

Para o mandatário do clube, as idas e vindas são naturais. "O Corin­­thians é uma espécie de válvula de escape para os atletas", afirma o presidente Joel Malucelli. "Os jogadores que saem são os que se destacam. E eles já sabem que se não derem certo, as portas sempre estão abertas para voltar."

Não consta cláusula em contrato, mas todo atleta do time de Joel que sai para ganhar mais já sabe: pode voltar quando precisar, desde que se enquadre novamente nos padrões salariais do Timãozinho.

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O último caso do conhecido ditado "o bom filho à casa torna" é o do zagueiro Tiago. O jogador de 24 anos foi revelado no antigo J. Malucelli, mas acabou indo para o Coritiba ainda nos juniores. Não foi aproveitado e voltou. Depois esteve em Portugal, jogou no Mirassol e, no semestre passado, atuou pelo Paraná. Agora, voltará novamente ao Ecoestádio.

"Hoje em dia no futebol, o im­­portante é receber em dia. É me­­lhor jogar em uma equipe considerada menor e ver o dinheiro no fim do mês do que atuar nos grandes e não ter como pagar as contas", diz o zagueiro.