Em 1974, no álbum Tábua de Esmeraldas, Jorge Ben gravou a espetacular canção Cinco Minutos, na qual lamentava: "Pois você não sabe quanto vale cinco minutos, cinco minutos na vida". Se a inspiração do eterno Babulina andava sem noção do tempo, as torcidas de Coritiba e Santos souberam bem o quanto cinco minutos podem ser absolutamente fundamentais num jogo em 2002.
O pega rolava no Couto Pereira, numa quarta-feira de setembro. De um lado, o Coxa dirigido por Paulo Bonamigo, de Tcheco, Lúcio Flávio e Adriano. Do outro, o Peixe de Émerson Leão, com destaque para os moleques Diego e Robinho.
Bola rolando no Alto da Glória e os ainda pouco conhecidos jovens do Santos não demonstraram qualquer respeito pelo Vovô Alviverde ao final do certame, os paulistas seriam campeões brasileiros. Cheios de manha e toque de bola, fizeram 2 a 0, dois de Diego um cobrando "penaltê" (o pênalti em curitibanês) e outro de cabeça.
E agora todo mundo vai entender o quanto vale cinco minutos na vida. Aos 36 jogados, Lúcio Flávio cobrou outro "penaltê" e fez o primeiro dos donos da casa. Aos 40, foi a vez de Edinho Baiano igualar o placar: 2 a 2.
Quarenta menos 36 é igual a quatro. Ou seja, restou um minuto apenas, ou 60 segundos para fechar a conta. Pouco, mas o suficiente para Reginaldo Araújo receber de Roberto "Senador" Brum e chacoalhar o barbante de Júlio Sérgio. Reação incrível e a certeza de que cinco minutos podem ser uma eternidade.
Depois, já na etapa final, Da Silva ainda ampliou a vantagem, aproveitando rebote para fechar em 4 a 2 a vitória coritibana.