O jogo
Gol salva clássico do marasmo
O polêmico, mas bem validado gol do Atlético livrou o clássico de ontem, na Vila Capanema, da sonolência. Nos 21 minutos anteriores, rubro-negros e paranistas estavam rendidos pelo forte calor quando a bola começou a rolar, às 16h53, os termômetros marcavam 33°C.
A marcação foi a prioridade de Marcelo Oliveira e Antônio Lopes. Bastou Adriano Milczvski apitar para Edimar grudar em Netinho e Chico transformar-se na sombra de Élvis. Com os dois camisas 10 vigiados, a solução era recorrer aos coadjuvantes para não deixar os goleadores Marcelo Toscano e Bruno Mineiro isolados.
No Tricolor, Pará errava todas as bolas paradas; Murilo e Guaru mal avançavam à linha de fundo. No Atlético, Márcio Azevedo esteve mais tímido que o normal; Marcelo, com suas passadas largas e dribles, parecia não sentir o calor que fez o jogo parar uma vez em cada tempo para reidratação.
Candidato a antagonista ao anular Élvis, Chico decidiu assumir um papel maior. Teve sorte de a pressa de Diego Corrêa em bater a falta colocar a bola em seus pés e a competência para mandá-la na cabeça de Bruno Mineiro.
O Paraná teve duas chances para mudar o jogo. A primeira, aos 31 da etapa inicial, que o árbitro lhe sonegou ao não dar pênalti de Manoel em Toscano. A segunda, aos 30 da etapa final, quando Toscano tratou de mandar na trave.
Criou pouco além dessas duas oportunidades. Poucas vezes conseguiu transformar a posse de bola em chance de gol. Esbarrou em um Atlético bem organizado taticamente, que soube aproveitar a chance de decidir o clássico e se arrumou bem quando ficou com dez jogadores em campo.
Lances polêmicos, disposição de sobra e pênalti perdido. Se faltou público e bom futebol, o primeiro clássico do Campeonato Paranaense teve ingredientes suficientes para fazer dele o melhor jogo do torneio até agora e ditar a ambição de Atlético e Paraná até o fim desta fase. A vitória por 1 a 0 faz do Rubro-Negro o mais forte candidato ao bem-vindo segundo lugar. Aos tricolores, resta a luta para assegurar o maior número possível de mandos de campo no octogonal decisivo. A construção do placar na Vila Capanema passou necessariamente por três personagens centrais: o árbitro Adriano Milczvski, o volante Chico e o atacante Marcelo Toscano.Estreante em clássicos, o corretor de seguros já começava a irritar a torcida paranista com algumas marcações quando dois lances em dez minutos definiram a história do jogo. Aos 21 minutos, Diego Corrêa foi bater rapidamente uma falta no meio de campo e chutou a bola nos pés de Chico. O volante atleticano tabelou com Alan Bahia e, diante de protestos dos paranistas, cruzou para Bruno Mineiro marcar de cabeça."O cara quis bater rápido e chutou a bola no meu pé. Quiseram usar a malandragem e se deram mal", disse Chico no intervalo.A regra avaliza a decisão de Milczvski. Quando o jogador opta por bater a falta rapidamente, anula-se a necessidade de o adversário guardar a distância mínima de 9,15 m. "O Adriano aplicou a regra. Se errou, foi ao não ser mais enérgico ao coibir o comportamento dos técnicos à beira do gramado, reclamando e xingando. Ele viu e não puniu", comentou Afonso Victor de Oliveira, chefe da comissão de arbitragem.
Com o controle remoto dividido entre o clássico e o jogo entre Rio Branco x Cianorte, Oliveira não viu o maior erro do seu pupilo. Aos 31 minutos, Manoel puxou Marcelo Toscano na área, pênalti não marcado. Fúria na Vila Capanema simbolizada pelo diretor de futebol paranista Guto de Mello, que desceu a escadaria das sociais em direção ao alambrado esbravejando contra o apitador. "É tudo contra a gente. Ele (Manoel) me puxou", disse Toscano, resumindo a revolta paranista.
O camisa 9 e o árbitro se cruzariam em mais dois lances capitais no segundo tempo. Primeiro, Toscano cavou tão mal um pênalti em disputa com Márcio Azevedo que nem teve coragem de reclamar. Depois, em outra disputa com Manoel, Milczvski viu um puxão inexistente do atleticano na camisa do oponente.
Toscano não aproveitou o arrependimento implícito do árbitro e mandou na trave a chance paranista de apitar o jogo e tentar a virada nos 15 minutos finais. Erro que freou o ímpeto paranista no vestiário.
"Teve um lance capital que foi o pênalti com expulsão. Se faz, podia ser diferente", lamentou Marcelo Oliveira.
Sentimento oposto ao de Chico, badalado como um craque ao fim de um clássico assistido por pouco mais de 6 mil pessoas, mas com o discurso típico de um operário-padrão. "A marcação foi decisiva. O Lopes pôs três volantes e a gente decidiu mais uma vez na bola alta", descrevia o volante, radiante por decidir o jogo.
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As chaves do jogo
Fim do mistério
Marcelo Oliveira e Antônio Lopes seguraram o quanto puderam as escalações. O fim do mistério mostrou um Paraná que deixou Toscano isolado na frente e sem criação no meio de campo. No Atlético, a prioridade à marcação não anulou as opções ofensivas da equipe.
Foi pênalti, juiz!
Dez minutos depois do gol atleticano, Marcelo Toscano foi puxado na área por Manoel: pênalti não marcado por Adriano Milczvski. O erro da arbitragem irritou ainda mais o time do Paraná, que não conseguiu pressionar o Atlético antes do intervalo da partida.
Na trave
15 minutos pela frente, pênalti a favor e Valencia expulso. O cenário era perfeito para o Paraná virar. Mas Marcelo Toscano mandou a bola na trave esquerda de Neto. O erro do camisa 9 esfriou a reação paranista e deu ao Atlético fôlego para segurar a vitória.
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