Copa 2014
Ex-dirigentes revelam desconfiança
André Pugliesi
Marcos Malucelli, ex-presidente do Atlético, e Ênio Fornéa, ex-dirigente e candidato ao Conselho Deliberativo derrotado nas eleições do clube, reagiram com desconfiança ao último movimento da reforma da Arena para a Copa do Mundo de 2014. Na quarta-feira à noite, o Furacão apresentou a engenharia financeira para a construção e decidiu empenhar o CT do Caju como garantia ao empréstimo que será concedido pelo BNDES.
"Ainda vejo uma situação obscura. Gostaria que os torcedores e sócios do Atlético fossem informados com mais clareza, que os atleticanos saibam como exatamente o clube vai pagar a dívida. Pois, a despesa é certa. Mas a receita não há como garantir", declarou Malucelli.
"Não participei da reunião, não sou mais conselheiro. Só espero que seja cumprido o que foi prometido, especialmente quanto ao valor. Antes foi dito que custaria R$ 150 milhões, agora já está em R$ 180 milhões. E também que seja entregue em março de 2013", comentou Ênio Fornéa.
Na reunião do Conselho Deliberativo da última quarta, Mario Celso Petraglia, presidente do Rubro-Negro, reafirmou que a obra custará R$ 183 milhões. Deste montante, o clube arcará com R$ 45 milhões, enquanto o Estado e o Município com R$ 138 milhões, que virão da cessão do BNDES, via Fomento Paraná.
A transação será complementada pelas garantias exigidas sobre este último valor. R$ 92 milhões serão garantidos pelo poder público e R$ 46 milhões pelo CT do Caju.
Foi mais difícil do que a torcida imaginava. A vaga do Atlético na segunda fase da Copa do Brasil veio acompanhada de uma dose de sofrimento: a vitória por 1 a 0 sobre o Sampaio Corrêa-MA, ontem, na Vila Capanema, foi exatamente na medida. Pelo regulamento, o gol fora de casa na derrota da partida de ida, por 2 a 1, valeu a suada classificação. Agora, o Furacão vai pegar o Criciúma em data indefinida.
O roteiro das duas partidas contra o time maranhense serviu de exemplo e aprendizado para o que o time de Juan Ramón Carrasco vai encontrar na Série B, em maio.
Gramados ruins e adversários retrancados criam uma margem de erro pequena. Por isso, a quantidade de oportunidades desperdiçadas pode se tornar motivo para lamentação. É o que preocupa Paulo Baier, o jogador mais experiente do elenco, com 37 anos.
"É importante que tenhamos conseguido a classificação, mas precisamos amadurecer, principalmente os meninos. Desse jeito, na Série B, teremos dificuldades. Às vezes queremos fazer muita correria e isso dificulta. É um aprendizado e vamos melhorar", analisou.
Enquanto o capitão demonstrou descontentamento com a atuação da equipe, o comandante Carrasco foi por outra linha de raciocínio. Para ele, perder gols está na prancheta do estilo de jogo que ele implantou no CT do Caju.
"Nosso time tem muita vontade e muita velocidade. E quanto tem isso, há imprecisão, seja por virtude dos rivais ou por nossa própria deficiência. Nossa mentalidade é jogar no ataque e para ganhar", defendeu.
Mesmo assim, o treinador reconheceu que sobrou nervosismo para reverter o resultado. "Queríamos definir a partida já no primeiro tempo e em alguns momentos nos atrapalhamos. O gol começa a fechar, os minutos passam e a bola não entra. Mas veio o gol ficamos muito contentes com a classificação", fechou Carrasco.
A "catimba" do Rubro-Negro, que entrou atrasado em campo duas vezes, rendeu um comentário forte do técnico rival, Josué Teixeira. "Isso [a demora para entrar em campo] é coisa daqueles times argentinos e uruguaios que jogavam Libertadores quando não tinha rádio e tevê. É uma coisa ultrapassada. Se o Atlético pensa nessa mentalidade para jogar a Série B, deve se preocupar em brigar para não cair para a Série C."
Com a passagem garantida para Criciúma, a preocupação retorna para a competição estadual, na qual o Furacão ainda persegue os líderes Coritiba e Londrina para tentar garantir o título por antecipação. No domingo o adversário é o Roma, em Apucarana, às 16 h, no Estádio Bom Jesus da Lapa.
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