Um carro popular 1.0 custa, em média, R$ 30 mil. É o necessário para que a equipe de punhobol do Clube Duque de Caxias, em Curitiba, tente o tricampeonato mundial interclubes, em julho, na Áustria. Valor irrisório para uma competição internacional, que cobriria as despesas de dez pessoas oito jogadoras, o técnico e um dirigente. Apesar do valor baixo, a equipe teme não conseguir angariar as cifras a tempo de embarcar para a Europa.
Nos anos anteriores, as atletas utilizavam a verba do Bolsa-Atleta programa do Ministério do Esporte para o alto rendimento para pagar as despesas de competições. Algumas das jogadoras recebiam R$ 1,5 mil por mês, na modalidade internacional, e outras R$ 800/mês, na modalidade nacional.
Como a modalidade não é muito conhecida no país "embora as pessoas paguem ingresso para assistir aos jogos na Alemanha, na Suíça e na Áustria", destaca o coordenador de punhobol do Clube Duque de Caxias, José Roberto Vinharski , não é fácil convencer o empresariado a patrocinar a modalidade. Não vêem que tipo de retorno teriam ao vincular sua marca ao esporte.
Assim, o recurso federal era a única garantia além do apoio financeiro do próprio clube, que cobre um terço das despesas em competições da presença do time completo na Áustria. As atletas tentam fazer caixa com dois recursos bem conhecidos dos atletas amadores: a venda de doces e salgados produzidos pelos familiares nas competições locais e o "paitrocínio". Longe de ser suficiente.
A batedora Tatiane Schneider, atleta da seleção brasileira adulta, é uma das principais atletas da equipe ("é como se fosse a atacante, se fosse um time de futebol", explica Vinharski) e corre o risco de não competir o Mundial, por falta de verba. E não é só a sua participação no interclubes que está em risco. "Talvez eu tenha de parar de treinar para conseguir trabalhar", diz a campeã mundial com a seleção brasileira.
Sem o Bolsa-Atleta, a defensora Rejane Signori também reavalia seus planos. "Nem todos podem se deslocar para a Europa para representar o país em um esporte que, para nós, parece não ser bem quisto por quem deveria nos ajudar", fala.
Apesar de ser um esporte ancestral espécie de avô do tênis para alguns, pai do vôlei para outros , o punhobol não é modalidade olímpica, fato decisivo para a escassez de verba, na opinião do vice-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Terrestres (CBDT), Manoel Oliveira Azevedo. "Recebemos uma notificação do Ministério do Esporte informando o corte. Dizia que, a partir de agora, 85% da verba do Bolsa-Atleta será destinado a modalidades olímpicas. Os outros 15% serão distribuídos entre atletas de outros esportes, que são mais de 40", diz o dirigente.
O diretor de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, confirmou a nova diretriz, baseada na aprovação da lei 12.391/11, publicada em março e que, entre outras alterações na lei esportiva, determina novos parâmetros para o programa Bolsa-Atleta.
"O que divulgamos até agora foi a lista de atletas de esportes olímpicos e paraolímpicos que vão receber a verba referente a 2010. Ainda falta uma reunião do Conselho Nacional do Esporte (CNE) que vai definir a lista de esportes prioritários para os 15% restantes, de um total de R$ 4,8 milhões destinados ao Bolsa-Atleta. Em maio, devemos abrir as inscrições para os beneficiados de 2011", diz.
A reunião do CNE ainda não tem data definida. Enquanto isso, as atletas do punhobol de Curitiba e de outras modalidades não olímpicas ficam sem saber quando e se voltarão a receber os recursos. "Podemos trabalhar com a confederação responsável se for para uma seleção brasileira ou para a entidade que vai participar da competição internacional, para buscar uma solução em que os atletas não deixem de competir", diz Klein.
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