O técnico Claudinei Oliveira desce do ônibus do Atlético para embarcar rumo à Europa em excursão de pré-temporada.| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

As mudanças no calendário brasileiro impulsionaram uma nova realidade de pré-temporada para diversos clubes do país. As pressões do Bom Senso FC – movimento dos jogadores por melhorias no esporte – forçaram a CBF a reorganizar os estaduais, gerando um inédito período de 25 dias de preparação.

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Com mais tempo para trabalhar as equipes, dirigentes investiram em amistosos e excursões pelo exterior para tentar encher os cofres e fortalecer as suas marcas enquanto lapidam os times. Atlético, Corinthians e Fluminense, por exemplo, optaram por partidas e treinos no exterior.

Como já vinha esboçando nos últimos anos, o Furacão vai aproveitar o início do ano para dar trabalho ao time principal. Por ora, só treinos, sem jogos oficiais, uma vez que o Paranaense ficará a cargo da equipe sub-23. Parte das atividades será realizada fora do país, contra representantes de outras escolas do futebol mundial. O embarque para a Europa foi ontem pela manhã.

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Se tecnicamente a opção é válida, em termos de marketing, de reforço da marca, há dúvidas. "É patético falar em internacionalização da marca, pois são jogos contra times periféricos, longe das grandes ligas", disparou Fernando Ferreira, dono da Pluri Consultoria. Na opinião de Amir Sommogi, consultor e especialista em marketing esportivo, seria necessário um trabalho mais intensivo e bem planejado para obter algum ganho extracampo relevante.

"Já que vai para um lugar diferente, tem de aproveitar. Mas os clubes vão lá, jogam, não fazem nada, e vão embora. Se houvesse continuidade representaria um ganho importante, mas não acontece", explicou.

Mesmo assim, Fernando Ferreira entende que a estratégia do Furacão é uma alternativa viável aos falidos campeonatos estaduais. "No caso do Atlético torna-se uma opção interessante. Os estaduais são como a jabuticaba: uma coisa brasileira, meio bizarra, e sem atrativos", resumiu. Para Ferreira, os clubes perdem dois quintos do ano em um campeonato que gera um décimo das receitas.

Assim, o Atlético busca repetir o roteiro de 2013. E que trouxe resultados práticos. Naquele ano, o clube ficou apenas 11 dias em excursão e conquistou a Marbella Cup, na Espanha. Estreou em competições oficiais no dia 3 de abril, na Copa do Brasil – da qual foi finalista –, e terminou o Brasileiro na 3.ª colocação, conquistando vaga na Libertadores. Desta vez, serão 27 dias de excursão, com dois torneios e três amistosos agendados.

O técnico Claudinei Oliveira diz acreditar em benefícios significativos na parte esportiva. "Os jogadores estarão o tempo todo juntos e o grupo se une mais. Além disso, vamos aproveitar esse intercâmbio ao passarmos por outras realidades e modelos de jogo", disse, ao site do clube.

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De maneira mais discreta, Corinthians e Fluminense também cruzaram a fronteira do Brasil. Foram aos EUA para treinos e dois amistosos cada um (contra os alemães Bayer Leverkusen e Colônia) em um complexo esportivo da ESPN, na Disney. Atividade que rendeu um lucro de US$ 2 milhões ao Timão.

Recurso extra para o caixa que o Atlético, em princípio, ainda não conseguiu aproveitar. O clube volta a Marbella com todas as despesas pagas, mas não há informações sobre prêmios por participação. A reportagem solicitou entrevistas com os responsáveis pelo marketing rubro-negro, mas não obteve resposta.

O sucesso financeiro da iniciativa já despertou o interesse do Flamengo. O clube carioca estuda uma excursão semelhante à dos rivais em 2016, provavelmente para a América do Norte. O lucro de R$ 2 milhões que o Urubu terá com três amistosos desta pré-temporada (Shaktar-UCR, São Paulo e Vasco), animaram os gestores do clube, influenciados pelo técnico Vanderlei Luxemburgo.

O Palmeiras é outro que vai lucrar com a pré-temporada remodelada. Aproveitando o potencial de seu novo estádio, amanhã o clube fará de um simples amistoso contra o Red Bull um show diferenciado. Cerca de uma hora e meia antes de a partida começar haverá uma competição/exibição de freestyle de moto (o FMX), com saltos em rampas. Depois, dois atletas de paraglider vão pousar no estádio com a bola do jogo, além de um show no intervalo da partida. Tudo isso com ingressos de R$ 40 a R$ 150.

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