A aparente boa relação entre Esporte Interativo (EI) e os 16 clubes que fecharam com a emissora para transmissão dos jogos do Brasileirão na TV fechada (período 2019-2024) está na berlinda.
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O principal impasse é uma diferença de aproximadamente R$ 147 milhões entre o que as equipes dizem ter acordado e o que efetivamente aparece no contrato assinado por todos os presidentes, conforme apurou a Gazeta do Povo.
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O problema está nas luvas de assinatura prometidas -– e pagas antecipadamente – aos parceiros do canal da bilionária americana Turner. Enquanto representantes dos times ouvidos pela reportagem garantem que os prêmios são valores à parte e não entram no montante total do contrato, o EI descontou as quantias do bolo a ser dividido.
Em abril de 2016, durante cerimônia de assinatura do contrato, o ex-presidente do EI, Edgar Diniz, anunciou que o acordo valia R$ 550 milhões por temporada.
A questão foi descoberta recentemente. Três clubes se reuniram com o canal na semana passada para apontar o suposto erro. A resposta, no entanto, foi de que o contrato está correto. A justificativa é que as luvas abatidas fazem parte de um adiantamento.
Desde então, o assunto é tema recorrente de negociação. Dirigentes a par da questão estão indignados, mas a grande maioria ainda não se atentou à divergência.
Palmeiras, Santos, Atlético-PR, Bahia e Coritiba receberam R$ 40 milhões cada como luvas do EI. Já o Internacional, cujo vínculo é de apenas dois anos, levou R$ 13,6 milhões. As outras equipes ligadas ao canal (Ceará, Criciúma, Figueirense, Fortaleza, Paraná, Paysandu, Ponte Preta, Santa Cruz, Joinville e Sampaio Corrêa) receberam valores menores, negociados caso a caso.
“O que os Conselhos Deliberativos aprovaram é diferente do que está no contrato”, afirmou um dirigente à reportagem em condição de anonimato.
“O contrato com o EI é estranho em relação a tudo que foi divulgado na época. Os presidentes assinaram um contrato diferente do que foi divulgado. E isso impacta todos que fecharam”, completou o cartola.
Procurado pela reportagem, o canal disse via assessoria de imprensa que não iria se manifestar. “Em respeito aos clubes e às cláusulas de confidencialidade, o Esporte Interativo não comenta contratos”.
Contrato do Esporte Interativo com os clubes
O valor total a ser dividido pelos clubes sequer aparece explicitamente no contrato com Esporte Interativo. Há anexos com quantias referentes a cada clube e a soma corresponderia ao bolo total, caso o canal conseguisse a assinar com todos os 20 clubes da Série A.
O montante real, contudo, é proporcional ao número de equipes. Atualmente, com sete clubes da primeira divisão sob contrato, a fatia seria de R$ 192,5 milhões por temporada -- na visão dos clubes. Seguindo o que está no papel, porém, o resultado diminuiria consideravelmente e ficaria na casa dos R$ 141 milhões.
O somatório pode variar a cada temporada por causa do acesso e descenso – e também do valor previamente atribuído a cada equipe. O modo de rateio segue como o divulgado: 50% (dividido igualmente), 25% (desempenho) e 25% (audiência).
Atualmente, a televisão fechada paga R$ 60 milhões anuais aos clubes. O vínculo com a Rede Globo, que transmite os jogos no SporTV, acaba em dezembro de 2018.