Depois de 18 anos de carreira profissional, o atacante Ronaldoanunciou oficialmente nesta segunda-feira (14) a sua aposentadoria do futebol. O jogador teve carreira marcado pelo talento e, principalmente, pela superação. Não à toa, Ronaldo foi eleito três vezes o melhor do ano pela Fifa.
Leonardo Mendes Júnior, Airton Cordeiro, Carneiro Neto, Luiz Augusto Xavier, Edson Militão e Tiago Recchia falaram sobre a carreira de um dos principais jogadores da história do futebol.
Confira a opinião dos colunistas da Gazeta do Povo sobre Ronaldo:
Leonardo Mendes Júnior - "Grande dentro e fora de campo"
"Da geração que eu vi jogar mais ou menos do fim da carreira do Zico para frente - ele [Ronaldo] é o maior jogador que eu vi, seja brasileiro ou estrangeiro. Ele até extrapola essa condição de melhor atacante. Eu vejo a grandiosidade dele dentro de campo e fora, por tudo o que significou para o futebol. Ele foi o primeiro cara que foi usado como um instrumento forte de marketing fora das quatro linhas. Caras como Beckham, Ronaldinho [Gaúcho], Cristiano Ronaldo vieram na carona dele, aliando futebol com muita mídia.
O momento de parar é uma questão muito pessoal. Ele é que tem que saber a hora de parar. É uma decisão de cada um. Talvez, ele teria parado mais por cima se tivesse encerrado [a carreira] no fim de 2009, como campeão paulista e da Copa do Brasil, mas ele queria tentar a Libertadores. Era algo tentador que justifica ele ter tentado mais um ano"
Carneiro Neto - "Emblemático"
"Ronaldo foi o jogador brasileiro mais emblemático depois do Pelé. O Brasil já teve grandes jogadores, mas coloco Ronaldo num patamar muito elevado pela forma como jogou. Da mesma forma que foi um goleador, driblava muito, corria, sabia chutar com as duas pernas. O apelido dele diz tudo: Fenômeno.
Além disso, ele foi vitima de uma série de lesões e teve que ser guerreiro para superar todas as dificuldades. Ele tentou até o ultimo momento. Foi um personagem marcante com uma carreira muito bonita"
Luiz Augusto Xavier "Estrela isolada"
"O Ronaldo foi um jogador fora de série e se destacou muito mais até porque era uma estrela isolada. Antigamente, tínhamos uma geração inteira de estrelas. Já nos últimos tempos, tivemos só ele e o Romário de diferenciados aqui no Brasil.
O que marcou mesmo foi o histórico de recuperações dele. Por duas ou três vezes, a opinião publica colocou a carreira dele com portas fechadas e todas as vezes ele ressurgia. Até nos últimos tempos, embora houvesse chacota com o peso dele, Ronaldo fez uma boa campanha [com o Corinthians] e conseguiu títulos.
O fim da carreira dele nos traz um pouco da tristeza, porque todos nós sentimos por não termos visto Ronaldo em campo tantas vezes quanto queríamos"
Airton Cordeiro "O futebol se engrandeceu com Ronaldo"
"Ronaldo foi um jogador excepcional. Deu alegrias fortíssimas ao povo brasileiro e foi referencia técnica no futebol mundial. Poucos jogadores conseguiram na história do futebol as glórias que ele conquistou. Como ser humano, cometeu seus pecados, mas é uma figura doce no trato com o público e com a torcida, colocando muita paixão nas emoções dele. Mais do que os equívocos pessoais, temos que exaltar as virtudes futebolísticas.
Outra faceta foi a determinação dele. As lesões no joelho comoveram o mundo inteiro porque Ronaldo colocava o espírito de superação para continuar o trabalho dele. Se fosse uma figura humana fraca, não teria suportado toda a carga emocional das lesões. Ele foi um guerreiro. O futebol se engrandeceu com o Ronaldo"
Edson Militão - "Ronaldo ficou, no mínimo, no mesmo nível do Maradona"
"Depois daquele futebol romântico antigo, da safra nova, Ronaldo ficou, no mínimo, no mesmo nível do Maradona. São estilos diferentes, mas o grau de dificuldade do homem de área é muito maior do que o homem que é mais de meio de campo, como o Maradona. O meia tem mais espaço para jogar, agora o Ronaldo era o cara fixo na área com dois ou três marcadores colados nele e ele fez tudo o que vimos ao longo da carreira.
Pessoalmente, acompanhei a carreira do Ronaldo de 1994 para cá. O lance dele que mais me marcou foi quando ele roubou a bola do alemão [lance do primeiro gol brasileiro na final da Copa do Mundo de 2002]. Ele tinha perdido a bola e, na base da raiva, recuperou a bola. Normalmente, um jogador profissional de ataque não faz isso. Depois da roubada, ficou por conta do talento e saiu o gol.
Duas vezes campeão do mundo, três vezes melhor do mundo pela Fifa, maior artilheiro de todas as Copas do Mundo. Foi um cara espetacular. Depois do Pelé, ele fica no mesmo patamar de Maradona e Garrincha"
Tiago Recchia - "Carinhosamente Ronalducho"
"O Fenômeno disse em sua coletiva que teve de antecipar a aposentadoria por conta de uma sequência fenomenal de lesões e, só agora soubemos, um problema que justificaria seu sobrepeso, o hipotireoidismo. Cheguei a chamá-lo carinhosamente de "Ronalducho", nos primeiros dias em que vimos, espantados, seu corpo arredondado.
Ele queria continuar, nós também. Mas quando não dá, não dá. Ronaldo nos deixou um gigantesco repertório de lances inesquecíveis pra mim, aquele gol em Oliver Kahn, se esticando todo em vão, na Copa de 2002, é apenas um deles. Bom que a gente tem isso tudo gravado para rever e rever.
'Foi lindo pra caramba'. Também para nós, Ronaldo"