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Para contratar o treinador para 2009 o Coritiba encontrou inúmeras e intransponíveis dificuldades. O clube foi muito imaturo ao buscar o substituto de Dorival Júnior. A sinalização de que Júnior não ficaria foi feita com suficiente antecedência para facilitar a vida dos dirigentes de futebol do Alviverde. Não faltou tempo. Aí o Coritiba errou. Alimentou especulações, admitiu entendimentos com vários técnicos e frustrou a torcida. No Alto da Glória chegou-se a pensar em retomar o diálogo com Dorival Júnior. Sugeri que isso fosse feito para reduzir a probabilidade de erro. Uma simples idéia do analista.

Finalmente o Coritiba contratou Ivo Wortmann, que chega ao clube em momento de desespero. Os treinadores brasileiros pesam mais na folha de pagamento do que os melhores jogadores, exatamente os que são responsáveis pelas vitórias. Verdadeiras fortunas são pagas em troca de resultados duvidosos. Como os técnicos brasileiros não têm estabilidade no emprego – muitos deles não possuem contratos formais – arriscam tudo para faturar mais dinheiro, certos de que poderão sobrar nos primeiros indícios de fracasso dentro de campo. O maior salário é o seguro-desemprego dos técnicos de futebol.

Ivo Wortmann não era o técnico dos sonhos do Coritiba. Sua contratação também não foi fácil. Até forças políticas de Caxias do Sul entraram em cena, mobilizadas à distância por coritibanos influentes e de muita credibilidade. Tudo para negociar a saída do bom técnico do Juventude e que volta para o Alto da Glória depois de passar pelo Couto Pereira com um bom retrospecto.

Ayrton contra a censura

Na última coluna falei sobre a nova história do Brasil. Uma importante frente de combate aos rigores da supressão de direitos partiu do Paraná. Foi a luta contra a censura imposta aos jornalistas e aos veículos de comunicação.

Na presidência da Federação Nacional dos Jornalistas, um paranaense, Ayrton Luiz Baptista, liderou um bem articulado movimento para eliminar a censura. Foi à Câmara dos Deputados e consagrou lúcido depoimento em defesa da liberdade de expressão que compulsei quando estive há pouco em Brasília. Foi em junho de 1979.

Geisel foi o presidente militar que deu início à restauração de princípios democráticos no Brasil. Depois dele, assumiu João Figueiredo, que continuou o processo de abertura política. É do controvertido presidente Figueiredo uma afirmação lapidar sobre a imprensa livre, na Câmara dos Deputados: "Flagelo dos tiranos, sustentáculo das liberdades civis, uma imprensa livre é parte tão essencial de uma sociedade democrática que com esta se confunde. Uma não vive sem a outra".

É justo, pois, incluir no elenco das conquistas democráticas o papel destacado do meu ex-colega de trabalho Ayrton Luiz Baptista.

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