Um dos episódios mais drásticos da história do Brasil foi a edição do Ato Institucional número 5, há quarenta anos. Lembro-me de suas conseqüências. É matéria para historiadores e os temos em boa quantidade no Brasil. Nem todos com a mesma visão dos fatos. A história pode ter várias faces, dependendo do ângulo de análise.

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Em 1968, eu era estudante universitário, aluno da Faculdade de Direito da UFPR. Em uma manhã de sol radiante, chego para a primeira aula às oito horas da manhã e sou abordado por um senhor bem vestido que se identificou. Era o delegado Almir Vilela. Sua missão: convocar-me para depoimento na Polícia Federal sobre o movimento estudantil nos cursos superiores. Comecei a fazer política estudantil no Colégio Estadual do Paraná aos 12 anos de idade e o tempo me fez acumular uma boa experiência. Fiz meu depoimento na PF e fui liberado.

Reconheci a legitimidade do movimento estudantil, não acusei ninguém e condenei a violência – física e moral – imposta aos estudantes e destes a pessoas da sociedade civil com fins exclusivamente políticos. Dos revoltosos, muitos autênticos e merecedores de respeito, outros, oportunistas de plantão, daqueles de esperam tirar proveito de todas as situações.

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Nessa época conheci um militante de esquerda bem preparado e seguro de suas convicções, Oriovisto Guimarães. Participamos de um programa cultural da AUI – Associação Universitária Interamericana. De seiscentos candidatos inscritos nove receberiam uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, inclusive com programa cultural na Universidade de Harvard. Fui um dos aprovados. O tempo passou e anos mais tarde ouvi do respeitado empreendedor Oriovisto Guimarães: "Dou a minha vida para manter o que construí com muito trabalho". A luta de classes pregada pela doutrina comunista estava encerrada para um dos mais importantes construtores da moderna educação brasileira. O arroubo da juventude tem prazo de validade.

Felizmente, vivemos democraticamente no Brasil de hoje e já completamos 20 anos da Constituição Cidadã, da qual participei para materializar meus ideais iniciados na adolescência. Ajudar a construir uma Constituição que sepultou os rescaldos da ditadura representa uma emoção extraordinária.

Depois de 40 anos da edição do AI-5, festejamos 20 anos da Constituição que consagrou com prioridade os direitos individuais e coletivos dos cidadãos, as eleições diretas e outros tantos avanços.

A lamentar a crescente corrupção e o mau uso do dinheiro público.

Minhas homenagens a todos os que se empenharam para o restabelecimento do Estado Democrático de Direito. Dos que fizeram da palavra o instrumento mais contundente de afirmação de princípios. Meu reconhecimento aos que condenaram nos tribunais a violência do AI-5, o jurista René Dotti à frente.

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