Já manifestei várias vezes – e minha opinião continua igual – que o ônus financeiro para promover a realização da Copa de 2014 no Brasil é muito alto. É um custo que o país não suporta sem prejudicar projetos e programas de interesse coletivo da população.

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Teimosamente e para satisfazer vaidades individuais e interesses políticos, e quem sabe até financeiros, vários setores públicos e privados fazem uma mobilização em busca do objetivo de sediar o megaevento. Não me refiro à perspectiva de hospedar a Copa em Curitiba. Sendo no Brasil, não vejo como ficarmos fora das cidades-sede, por todos os motivos que conhecemos profundamente. Curitiba é uma cidade especial e poderá ser beneficiada por várias melhorias urbanas. Mesmo que se saiba que a conclusão da Linha Verde e o início do metrô dependem de recursos financeiros que serão objeto de negociações com instituições financeiras internacionais e apoio da União. Obras necessárias e caríssimas. Apenas dois exemplos. Há outros tantos que me dispenso de citar por desnecessário.

Pedido arriscado

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Outro dia, conversando com o amigo e deputado Nelson Justus, tomei conhecimento de um encontro no ano passado no gabinete da presidência da Assembleia Legislativa. Presentes o dono da sala, o vice-governador Orlando Pessuti, o representante do prefeito Beto Richa e o então poderoso dirigente do Atlético Mário Petraglia. A reunião foi solicitada pelo mentor atleticano e o assunto, óbvio, a realização da Copa em Curitiba.

Vários minutos de muita conversa – entre atleticanos devotados ao clube – e finalmente Petraglia abre a mala e dela tira um documento já pronto e solicita um compromisso do governo do Paraná e da prefeitura da cidade através da assinatura das autoridades presentes.

O que pedia Petraglia?

Susto geral. O mentor solicitou aos políticos presentes o aval assegurando um investimento de R$ 163 milhões dos poderes públicos na Arena. Depois de muita discussão e com a responsabilidade grave que assumiriam, Pessuti, o representante da prefeitura e o fanático atleticano Nelson Justus entenderam que não deveriam atender ao apelo do cartola atleticano. Pelo volume financeiro e pela aplicação de dinheiro público com fins particulares, o que é ilegal. O resultado da reunião não agradou Petraglia, claro. Porém, cumpriu o que entendia ser um dever. Terminada a reunião, o documento voltou à mala do autor da solicitação. Nelson Justus aproximou-se do amigo Pessuti e sentenciou: "Se você assinasse aquele documento, corria o sério risco de ser jogado para baixo do terceiro andar do Palácio Iguaçu pelo Requião".

Conhecendo o governador, com quem convivi em lados opostos na Assembleia Legislativa, a assinatura do vice-governador seria um prato cheio para mais um discurso moralista de Requião, sempre atrás de um bom assunto para defender o bom uso do dinheiro público.

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