O tratamento que os dirigentes e autoridades públicas dispensam à Copa do Mundo é de um cinismo que causa colapso moral nos brasileiros que têm o mínimo conhecimento das tramas feitas para a construção de estádios e obras públicas.
Peguemos os estádios públicos feitos com dinheiro de governos estaduais e injeção de recursos financeiros do governo da União. Uma brutalidade contra a economia popular. Basta fazer um rápido estudo comparativo entre os primeiros valores noticiados e os que foram atingidos nas praças entregues, mesmo sem a conclusão do entorno de cada cenário dos jogos. Os gastos previstos e os realmente realizados mostram uma diferença abissal, claro sempre a maior.
No caso de Curitiba o comportamento atípico envolve os dirigentes do Atlético, o governador Beto Richa e o ex-prefeito Luciano Ducci. Todos, marchando na mesma direção, fizeram festa pública no Parque Barigui para o anúncio de Curitiba como uma das sedes do Mundial. Espertos, os atleticanos mostraram a impossibilidade de arcar com os custos da reforma da Arena, que já era boa. A vaidade foi acima da razoabilidade e ultrapassou os limites do estádio e se instalou com fúria nos gabinetes do governo estadual e da Prefeitura Municipal. Tudo armado para a propaganda política e eleitoral. Foi um tiro no pé.
A cada ciclo das obras os custos se elevam surpreendentemente. Alguns argumentam que a Baixada é o estádio mais barato da Copa. Esse contingente esquece que o poder público poderia ter feito um estádio novo para servir a todos e não repassar recursos financeiros para um clube exclusivamente.
O empreendimento do Rubro-Negro, sustentado pelo dinheiro público, é uma ação entre amigos e parentes do presidente atleticano. O último ato informa que o ganhador da licitação para a construção do sistema de iluminação da Arena é um ex-diretor da CAP S/A. Ganhou a licitação e deixou o cargo de direção que ocupava.
Cinismo elevado à enésima potência. Ausência de ética, princípios morais e respeito aos propósitos da empresa que o clube montou para construir o estádio da Copa. O dinheiro público que vá para o espaço. O que importa é satisfazer o interesse pessoal acima do coletivo. Razões que colocam a maioria dos torcedores contra o ambicioso e fatídico evento da Fifa em Curitiba. Um mínimo de vergonha faria bem às partes que se envolveram com a fantasia da Copa 2014.
Voz da leitora
A senhora Sherron George, professora de teologia e escritora, informa ao colunista que se sentiu estimulada a escrever um livro sobre a visita do Papa Francisco ao Brasil depois de ler o modesto texto que escrevi na coluna da última segunda-feira. A leitora é atleticana e a irmã dela, paranista. Ambas nossas fiéis leitoras. Grato. O Papa Francisco merece que suas ideias sejam divulgadas para a felicidade popular.
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