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O Carnaval é o evento popular mais festejado coletivamente no Brasil dos extremos sociais. Muitos não têm dinheiro para comprar comida, remédio, roupa e nem lugar pa­­ra dormir. Homens, mulheres e até crianças se alimentam dos restos de comida depositados no lixo e pe­­gam uma carona nas calçadas que os proprietários de imóveis de Cu­­ritiba não cuidam, deitando seus corpos esquálidos nas pedras irregularmente colocadas sobre a terra. Os donos dos imóveis curitibanos poderiam ser mais cuidadosos e a nossa prefeitura mais exigente na fiscalização. Muitas lesões são causadas por buracos traiçoeiros que se escondem sob a aparência das calçadas destinadas aos pedestres curitibanos.

Enquanto os desprotegidos da sorte vivem tamanha tortura, convivendo com a miséria e submetendo-se à indigência total, a grande maioria dos brasileiros está aproveitando os prazeres do carnaval. Não me incluo entre os foliões. Aproveito o meu tempo para dedicação à família e aos meus afazeres profissionais. Do Carnaval, aproveito as imagens selecionadas, como as melhores, que as emissoras de televisão mostram nos telejornais. Mas não condeno quem curte o Carnaval brasileiro. A curiosidade levou-me, certa vez, a conhecer o Carnaval em uma cidade italiana. E achei pior que o fraco Carnaval de Curitiba, festa popular para meia dúzia de pessoas. As mesmas todos os anos. Até vários clubes sociais aboliram o Carnaval de salão, para evitar fracasso de público e prejuízo financeiro.

Seria tudo bonito se a miséria não nos mostrasse um contraste tão agressivo com o luxo de fantasias individuais e a riqueza das es­­colas de samba. É provável que eu não viva, mas gostaria que os meus netos vivessem o sabor da justiça social. Não a que pregam políticos mentirosos e desonestos. Mas a justiça social que independe da direita ou da esquerda, das ideologias e doutrinas políticas que falam do bem e servem aos senhores do mal. A política brasileira é um Carnaval o ano inteiro. Políticos fantasiados de anjos, roubando, fazendo das meias os adereços para esconder dinheiro e das cuecas os sacos que não guardam confetes e serpentinas, mas graúdas notas de real surrupiadas da população brasileira.

Eu gostaria...

De dedicar a coluna de hoje ao único jogo do Campeonato Paranaense deste Carnaval: Paraná e Iraty. Concluí que não teria assunto para preencher o meu espaço com texto de qualidade. Não há o que escrever sobre jogo tão ruim. E como não pretendo estragar o humor dos carnavalescos, só me resta dizer que o jogo de sábado foi um Carnaval às avessas.

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