Cada dia que o tempo consome fico mais convicto de que estou certo ao não estimular ao menos a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Um país com os problemas sociais que somos obrigados a enfrentar, quase sempre, não pode investir tanto dinheiro público em um evento que dura trinta dias.
A Fifa investe contra o Morumbi e ameaça o mais importante estado brasileiro de ficar sem hospedar jogos decisivos. Só quem não sabe a história do grande estádio do São Paulo pode tratar com desdém a obra que levou anos para ser colocada a serviço do futebol brasileiro. A matéria é tão delicada que os paulistas não possuem outro estádio que se aproxime do Estádio Cícero Pompeu de Toledo. O Corinthians, com a força popular que tem, não possui nada além do Parque São Jorge, que não serve para abrigar nenhum joguinho de menor importância. Promessas de construção de uma moderna e confortável praça de esportes o Corinthians já fez aos montes. E sempre ficou na promessa.
O Atlético e o Internacional, clubes privados como o São Paulo, encontrarão as mesmas dificuldades que o tricolor paulista enfrenta. O presidente atleticano já disse com clareza meridiana que não vai comprometer a vida do clube para hospedar dois ou três jogos da Copa. Posição correta.
O que ganharão São Paulo, Atlético e Inter comprometendo os seus cofres para o resto da vida?
Dinheiro ganharão a Fifa, os patrocinadores, os intermediários dos grandes negócios. O que mudou para os clubes brasileiros a construção do gigantesco Maracanã, que recebeu duzentos mil torcedores na decisão de l950? Basta olhar a situação catastrófica de Flamengo, Botafogo, Flamengo, Vasco e Fluminense para comprovar que o velho e histórico estádio traz pouquíssimos benefícios aos clubes. Em compensação consome uma dinheirama do poder público. Abrir o Maracanã para qualquer jogo exige um gasto enorme. E o dinheiro sai da conta da viúva, a sociedade brasileira escravizada por governadores irresponsáveis comandados pelo presidente da República. As profundezas do pré-sal já deveriam estar produzindo petróleo, segundo disse Lula, há mais de 12 meses. Até agora não jorrou nada. O mesmo Lula anuncia a aquisição de aviões e submarinos da França, mas esqueceu de tomar a primeira providência para legitimar o que pode ser um bom negócio, uma licitação pública, dela participando outros países fabricantes. Pirotecnia pura.
Pois no esporte acontece a mesma coisa. Foi assim no Pan do Rio tudo o que foi construído praticamente está abandonado e assim será com a Copa do Mundo e com os Jogos Olímpicos.
Sacrifícios enormes para um contingente superior a 200 milhões de pessoas. Satisfação para a vaidade política e a ganância dos insaciáveis de plantão, sempre de boca aberta para engolir o dinheiro que o povo entrega ao governo sem receber retorno merecido e necessário.
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