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Impressionante, impossível, inacreditável.

Quem assistiu ao jogo do Coritiba contra o Marília com certeza ficou aturdido com o que viu e o que perdeu pela frouxidão do time do Coritiba. O cenário maravilhoso, quase 45 mil pessoas no estádio, foi incapaz de tocar o íntimo dos jogadores. O adversário parecia ser o candidato ao título, resoluto e com qualidade superior. A técnica não era o mais importante para os apaixonados torcedores. Eles ficariam felizes e satisfeitos se os comandados de René Simões encarnassem o espírito dos que estavam com o grito da conquista atravessado na garganta.

O que se viu foi um time indiferente, que deixou de fazer o mínimo. Lutar, correr com ânimo vencedor e jogar com alma. Os jogadores não sentiram o pulsar de uma história de 98 anos construída com trabalho, amor e apego às tradições do clube do Alto da Glória. Uma noite festiva foi transformada em frustração. A impressão que ficou foi de uma multidão castigada por uma alma penada. Gente que foi ao jogo para fazer festa, gritar a alegria de verdadeiros campeões, porque ninguém foi tão importante nesta campanha quanto os torcedores. E logo eles foram os grandes castigados. Os jogadores, muitos deles, desceram do avião e foram para o Alto da Glória sem saber as cores e a grafia correta do clube que deveriam defender com dedicação e garra.

Fiquei triste pela torcida. De minha parte, como jornalista e paranaense, já estava satisfeito com a volta para a Primeira Divisão. Compreensível para quem analisa os fatos com distanciamento crítico, buscando sempre o caminho da imparcialidade. O torcedor se entrega à paixão que cega. E por não enxergar criticamente e com isenção sofre muito e ao contrário das almas penadas, sangra o coração para fazer o melhor pelo clube do coração. Pena que o futebol mudou tão radicalmente. Não só perdeu o encanto. Muita gente, jogadores inclusive, perderam a vergonha, pensando em recompensa financeira. A emoção das conquistas é assunto para os torcedores. Tem jogador que sai do estádio e vai para a balada. Sem meditar sobre o resultado como sugeriu o garoto Pedro Ken. Para o melhor e mais lutador jogador do Coritiba, cada um deveria ir para casa e pensar sobre o desastre que foi desperdiçar uma oportunidade singular de dar à sofrida torcida uma justa recompensa pelo seu comovente apoio.

Para vestir a faixa de campeão, os jogadores do Coritiba devem lutar para merecer tamanha honra. E podem conquistar o título na frieza do concreto no Arrudão, no Recife. Se tiverem o mínimo de sensibilidade, ao menos, sentirão saudades do grito da torcida alviverde, a grande injustiçada pelo desastre da noite sem estrelas no Alto da Glória.

esportes@gazetadopovo.com.br

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