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Aos 98 anos de vida o Coritiba não envelhece, busca viver um tempo novo, recicla conceitos, renova a torcida, redesenha caminhos e amplia suas fronteiras de glória. Para quem já brilhou, e muito, aqui no estado, no Brasil e em outros continentes, alcançar a Primeira Divisão é mais um salto vitorioso. Dois anos fora da elite do futebol brasileiro doeram muito, abriram feridas, custaram amizades que se romperam e uma disputa que mostrou o extraordinário envolvimento de milhares de pessoas que encheram o Alto da Glória de amor, paixão e doação a uma causa nobre e desafiadora. Os erros que rebaixaram o Coritiba foram repetidos no ano passado. Teimosia, desatenção e ausência de competência. Neste 2007 os diretores resolveram mudar. Abriram mão das deformações personalíssimas, se refugiaram nas trincheiras da humildade, agiram com competência, renunciaram às atitudes menores, políticas em especial, e fizeram, reconheça-se, o que o limite do clube permitiu. Parabéns, o Coritiba conquistou o objetivo que planejou. Volta ao primeiro grupo do futebol brasileiro com justiça e todos os méritos que possam ser citados. Uma lição de vida, de conduta e determinação.

Torcida decide

A majestosa torcida coritibana fez muito mais do que comparecer ao Alto da Glória. Claro que a presença física foi de grandíssima importância empurrando o time, cobrando atitude e despertando necessidades que a passividade ignora. Os jogadores se sentiram vigiados, dentro e fora do campo.

Missão relevante da torcida foi decretar a paz política interna. Levou a diretoria a se preocupar com o futebol e abandonar os gestos beligerantes com dissidentes históricos e oposicionistas políticos, guiados pelo sentimento de amor ao clube, procurando caminhos para resgatar a vida vitoriosa do alviverde. Quando precisou, consciente do seu poder, a torcida foi impiedosa e cobrou com gestos e palavras ações construtivas da diretoria, sem se confundir com interesses político-eleitorais da oposição política. A diretoria, num rasgo de inteligência e humildade ouviu a voz rouca das arquibancadas e mudou planos, sepultou hostilidades e criou um novo figurino administrativo. Ao voltar à Primeira Divisão os frutos devem ser repartidos entre todos. Uns trabalharam por profissão, outros por ideal, mas a torcida coritibana, mais do que ninguém, agiu sob o impulso do amor ao clube que tem a história mais bonita de futebol do Paraná.

O título

Para mim é secundário, o que importa já foi conseguido. Agora a torcida tem o direito de festejar a classificação. Eleição? No tempo certo, sem roubar a emoção de mais um episódio de glória que serve para reescrever a história do Coritiba. Faz festa torcedor que derrubou lágrimas e provou que nem a idade madura suporta tantas emoções.

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