O Atlético parece superar outra dificuldade. Em poucas horas, tenta mudar a cara do seu futebol. Waldemar Lemos foi contratado para dirigir o time, Riva de Carli vai cuidar da preparação física e Ocimar Bolicenho será o gerente de futebol. Todos profissionais e vitoriosos em certos momentos. A função mais polêmica pertence ao irmão de Osvaldo de Oliveira. Para deixar de ser, apenas, o irmão de um técnico já conceituado, Waldemar Lemos tem que provar que possui virtudes profissionais capazes de libertá-lo do estigma do parente. Até agora não conseguiu.

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O Atlético é uma renovada oportunidade para ele. Aliás – é valioso destacar –, o Atlético é um amplo laboratório de treinadores. Nos últimos anos concedeu várias oportunidades a inúmeros técnicos. Fracasso geral. Para salvar o clube do rebaixamento, foi contratado Geninho, querido por uns e nem tanto por outros diretores rubro-negros. É tão grande essa contradição que, para acertar a volta do vencedor brasileiro de 2001, rolaram cabeças graduadas na hierarquia do clube.

Ao tocar neste assunto, considero justo mencionar que todos os atuais dirigentes não representavam oposição política até o ano passado, antes das eleições. Era um grupo só, monolítico, e, sob o comando impositivo do chefe desertor, agora travestido de opositor. Menciono essa realidade para dizer que os atuais e todos os antigos dirigentes são responsáveis pelo holocausto do futebol do Atlético. É uma culpa compartilhada. Todos foram omissos ao permitirem que prevalecesse somente a palavra do chefe impositivo.

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O mérito – e grande – dos atuais diretores é não aceitar qualquer ingerência externa para definir os rumos do clube. Tivessem a mesma postura quando se submeteram ao simples papel de concordar com tudo e não contestar nada, a situação do futebol do Atlético não seria a tragédia de hoje. E mais: a obra coletiva de fazer a Baixada, o CT e conseguir um lugar na vitrine nacional e internacional do futebol não seria – equivocadamente – creditada a uma única pessoa como muita gente insiste em fazer, como a viúva que considera o marido falecido como exemplar, mesmo conhecendo vários dos seus defeitos.

O estado de letargia em que o Atlético mergulhou é consequência da conduta submissa de quem se omitiu e não assumiu postura contestatória, mesmo pagando o preço de perder o lugar no antigo pombal da Baixada. Uma realidade que a torcida abomina, mas quem paga por ela são os jogadores, vaiados e hostilizados sem terem pedido para trabalhar sob o regime de culpa compartilhada e que acabam sendo os culpados exclusivos.