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Minha vida não registra emoção tão grande produzida no mundo moderno e mais recente como a eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. Não foi, apenas, uma disputa eleitoral entre democratas e republicanos. Estavam em jogo, principalmente, questões sociais de fundamental importância para a Humanidade, o racismo, por exemplo.

Na campanha eleitoral e depois nas comemorações pela estrondosa vitória, comoveu a mistura solidária entre negros e brancos nas ruas, nas escolas, nas filas de votação, nas igrejas e em todos os recantos do país líder mundial. Antes de saudar a vitória de Obama é preciso recitar uma ode à Democracia, o regime que Platão e Aristóteles já estudavam na velha Grécia para tornar as oportunidades iguais e resolver divergências em paz e com civilidade.

O totalitarismo – não importa se de esquerda ou direita – massacra as pessoas e sufoca a liberdade e o direito à vida com dignidade. Fidel Castro pode ser simpático, meigo, mas é tão assassino quanto o pior ditador da direita. Justiça social não se faz com o rótulo de direção. Justiça social se faz com sensibilidade humana, amor ao próximo, intimidade com princípios que tornem os desiguais, ao menos, mais próximos, com os mesmos direitos e acesso às mesmas oportunidades. Quem conheceu de perto o ódio que alimentou a convivência entre negros e brancos nos EUA e na África do Sul sabe bem do que estou falando. Nós não somos iguais somente perante a lei. Somos iguais porque a fonte da vida humana é a mesma, não importa a cor, a raça, o credo ou a situação econômica.

Não nego que também estou emocionado com a vitória do negro Obama. Como também fiquei comovido quando Walesa ganhou na Polônia e Lula venceu no Brasil. Não estou falando em preferências partidárias, mas do sentimento de justiça e igualdade que alimenta minha alma. Fui educado para amar a minha família, o meu trabalho e adotei, por minha conta a política, e não os políticos que me causam náuseas pelas safadezas praticadas. Felizmente há exceções, tão poucas, que não conseguem se sobrepor aos picaretas de plantão. Também por isso acho que a vitória de Obama é um bofetão no rosto dos prepotentes, arrogantes e vanguardeiros da violência. O mundo pode mudar.

Nasce uma liderança política que encarnou em sua existência o sofrimento, a segregação, a desorganização familiar e que lutou para ser personalidade universal. Alvíssaras à Democracia. Que os nossos olhos e ouvidos fiquem mais atentos. Ninguém mais poderá ignorar que negros, brancos, amarelos, judeus, árabes, somos todos iguais. Basta que saibamos construir uma grande comunidade internacional, em paz, com amor e respeito ao próximo.

airtoncordeiro@gazetadopovo.com.br

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