Por um bom tempo o povo brasileiro encontrou no futebol uma saída para tantas angústias, decepções e abatimento moral. Um tempo em que os nossos estádios ficavam abarrotados e no campo de jogo verdadeiros artistas distraindo de forma sadia a família brasileira. Nos dias atuais, nem o nosso esporte mais popular reduz o grau de tristeza de nossa gente. Os estádios cada vez mais vazios. O povo cada vez mais sofrido. E, no gramado, apenas lutadores voluntariosos orientados para fazer faltas e impedir que o adversário jogue. Arte, talento, graça, inteligência? Quase não existe mais, nem mesmo na seleção brasileira.

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O povo está perdendo a capacidade de reagir, narcotizado pelos fantásticos escândalos descobertos diariamente. Corrupção – ativa e passiva – roubo, furto, violência, tudo o que é de ruim virou vulgar no país da impunidade. Os pobres são iludidos pelo governo, falta-lhes tudo, mas recebem um cala-boca governamental. Os que poderiam reagir – os detentores de informações reais – estão calados, cooptados pelos favores feitos com o dinheiro público, em forma de cargos comissionados, licitações fraudulentas e ocultação de desvios de conduta.

Lamentável, até o futebol de qualidade nos abandonou. Órfãos, vivemos dias em que honestidade passou a ser virtude e safadeza o prato de consumo diário de brasileiros da pior espécie.

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Os jovens se entregam ao vício, comprometendo as gerações depositárias de esperanças renovadas. Quando escolhem uma vida produtiva, nossos jovens recebem ensino público de má qualidade. Emprego, nem pensar. Os jovens não são o futuro. São o presente deste Brasil que clama por socorro imediato.

Cuca x Bonamigo

Foi no Serra Dourada (lindo nome de estádio) durante o jogo Goiás e Botafogo. Dois velhos e queridos conhecidos dos paranaenses: Cuca, nascido em Curitiba, e Bonamigo, que adotou e foi adotado por Curitiba. O jogo foi muito disputado e o empate final garantiu ao Botafogo a liderança invicta do Brasileiro. Dois treinadores competentes, trabalhadores, com um passado de jogadores vibrantes e de entrega plena ao objetivo de ganhar. Hoje, transmitem essas qualidades aos seus comandados. Bonamigo assumiu o Goiás em situação delicadamente perigosa na classificação e promoveu ótima recuperação. Cuca transformou o Botafogo. Sem jogadores de grande expressão técnica, deu harmonia ao elenco e pratica o melhor futebol deste campeonato. Uma dupla alegria para os botafoguenses: recuperação do prestígio alvinegro e valorização da invejável liderança.