É uma segunda-feira. Começo a escrever e lembro de Francisco Cunha Pereira Filho, sorridente, confiante, afável, empreendedor, humano e determinado. Em um dia de sol radiante toca o telefone. A secretária comunica: "O Dr. Francisco quer falar com o senhor". Atendo e ouço a voz firme e convicta do diretor da Gazeta convidando-me para ser o editor de Esportes do jornal. Foi uma decisão conjunta dos sócios, disse. "O dr. Lemanski e eu queremos que você venha trabalhar na empresa." Relatei que tinha minha vida ocupada no rádio, na televisão e como jornalista do governo do Paraná. O Dr. Francisco insistiu para conversarmos pessoalmente. Entendeu minhas dificuldades de tempo e sentenciou: "Você está contratado, é o nosso novo responsável de esportes". Era o dia 1º de junho de 1971, registro número 370, carteira profissional número 93082, série 125.
Não imaginava que naquele dia estava ganhando um amigo sincero, leal, conselheiro com bom senso e de grandes ideias.
Segunda-feira
Passado pouco tempo uma decisão que foi amadurecida com tranquilidade. O jornal circulava de terça-feira a domingo. Com o Campeonato Brasileiro ganhando corpo, o futebol passou a ter uma outra dimensão e o domingo repleto de grandes jogos, Coritiba e Atlético viajando o Brasil inteiro.
O Dr. Francisco quer ouvir minha opinião sobre a circulação do jornal na segunda-feira para atender o público ligado no futebol. Dono da decisão, mas respeitando os seus colaboradores, ouve de mim uma opinião totalmente favorável. Citei como exemplo vitorioso o Jornal do Brasil, à época uma grande escola de jornalismo. Um sucesso. Hoje, este caderno exclusivo de esportes dá continuidade expressiva à ideia.
Conselheiro e amigo
Em 1976 fui convidado para concorrer a uma vaga de vereador de Curitiba. Perguntei o que pensava da ideia meu conselheiro Dr. Francisco. "Airton, a política precisa melhorar e você tem todas as condições. Aceite o convite e conte com o meu integral apoio". Não foi diferente na campanha. Fui eleito e dediquei minha vitória ao incentivador Cunha Pereira. Ao assumir minha cadeira, me desliguei do jornal. O tempo disponível, que já era escasso quando fui contratado, ficou inexistente a partir daquele momento, pois assumi a liderança do governo do município na Câmara de Vereadores.
O tempo passou rápido, fui eleito duas vezes deputado estadual e, sempre com o apoio do Dr. Francisco, fui eleito para representar o Paraná na Assembleia Nacional Constituinte. Nessa época o amigo me aproximou do seu pai, o desembargador Cunha Pereira, com quem troquei muitas ideias sobre o processo constituinte. Ficamos amigos e fui honrado com a fidalguia do velho patriarca, morto aos 103 anos de vida.
A última vez que falei com o Dr. Francisco foi para receber cumprimentos pelo meu aniversário. Ele escancarou o sorriso espontâneo para me desejar felicidade. Neste momento estou entre feliz pela minha vida e triste pela perda do amigo.
Ao mestre Francisco Cunha Pereira Filho o pódio da vida, pela imortalidade de sua majestosa obra.
Obrigado, querido amigo!
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas