Houve um tempo, coincidente com o período ditatorial, em que o Brasil fez largos gastos com estádios de futebol. Especialmente o poder público bancou a construção de grandes elefantes de concreto em várias capitais de quase todas as regiões geográficas do país. São Paulo, Curitiba, Florianó­­polis e Porto Alegre, capitais de estados voltados para o desenvolvimento econômico não en­­traram na onda de gastos desnecessários.

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A decisão dos governantes da época foi correta. Qual a razão para justificar a aplicação de tanto dinheiro em imóveis sem rendimento financeiro para a gestão pública?

O mais sério é que os elefantes serviram, como até hoje, apenas para o futebol, sem re­­torno financeiro permanente. Rendas deficitárias e poucos jogos de qualidade técnica su­­pe­­rior foram as causas do en­­fraquecimento de muitos clubes, mesmo que proprietários de grandes estádios. O exemplo mais contundente do momento é o Estádio José do Rego Ma­­ciel, o Mundão do Arruda, em Re­­cife. O Santa Cruz só não sumiu do mapa porque tem his­­tória rica e de muitos anos. Não morreu, mas está relegado a uma dolorosa situação, nos porões das competições nacionais, a Série D. Quem diria que seria possível tamanho desprestígio?

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Aqui na terra temos o exemplo grotesco do Pinheirão. Um elefante que se arrasta há décadas e que agora está lacrado por ordem judicial. O estádio não deu lucro técnico e conforto; em compensação, deve ter en­­gordado os bolsos de muitos aproveitadores. O Pinheirão é o exemplo clássico e definitivo de desperdício de dinheiro e de vergonha para o futebol paranaense. Fruto da megalomania, da incompetência e da von­­tade de faturar dinheiro de maneira suspeita, como aconteceu nos anos de Onaireves Moura. Uma afronta imperdoável ao princípio da moralidade.

Com a Copa do Mundo virá outro esbanjamento de dinheiro, mais grave, público, porque apenas São Paulo, Curitiba e Porto Alegre terão jogos em estádios particulares. Mesmo assim, há quem defenda a aplicação de dinheiro arrancado do povo no Morumbi, na Arena e no Beira-Rio. O que eu já disse e volto a repetir com todas as letras: é um absurdo. Passada a Copa que utilidade terão todos os estádios construídos ou reformados?

Em países ricos, muitas obras construídas para grandes eventos são implodidas e as áreas físicas ocupadas para outros fins. Como não alcançamos nem a classe média alta, tudo ficará abandonado, especialmente os gerenciados pelo poder público.

Quem duvidar que espere o passar dos anos. E não precisa ser uma eternidade.