Ao iniciar minha vida profissional de jornalista – há 50 maravilhosos anos – a Federação Paranaense de Futebol era identificada como a "entidade mater". Era considerada como a mãe dos clubes de futebol e do popular esporte em si mesmo. Tempo de presidentes com liderança e autoridade. Era de verdade a "mater", mãe em latim. A expressão caiu em desuso porque a boa mãe não rouba os filhos, não os trata com gestos irresponsáveis e procura fazer o melhor em benefício da prole.

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De repente na desgraçada gestão Moura o futebol virou uma vergonha para o nosso Paraná. Vergonha nacional. Com esforço à exaustão Hélio Cury conseguiu destroçar o refúgio do ex-presidente, ganhando no Poder Judiciário o direito de assumir o comando do futebol paranaense. A luta dele foi legitimada por uma devastadora vitória em eleição democrática. Os escândalos envolvendo desonestidade cessaram.

Estamos esperando mais organização da entidade que deixou de ser "mater" para ser madrasta ranheta, teimosa, sem se preocupar essencialmente com os clubes e a saúde de cada um, como poderia fazer, assumindo uma liderança inerente às funções de sua diretoria.

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O trágico espetáculo que estamos acompanhando diz tudo. As torcidas conhecem mais o artigo 9º da regulamentação da competição do que a escalação de suas equipes preferidas. É uma discussão que já se arrasta por muito tempo. Passiva, a madrasta empurrou com desprezo à realidade dos fatos o erro cometido. Chegou a divulgar um esboço de tabela para a fase final, agredindo espetacularmente o que escreveu no regulamento. Uma jogada indefensável.

Somente agora o presidente da FPF admite que houve um grave erro. Teimou em não admiti-lo antes, inviabilizando uma solução amistosa. Quer dividir a culpa com os clubes e com a televisão. Os clubes têm responsabilidade, sim. A televisão não, pois falta-lhe competência legal para elaborar regulamento e estabelecer critérios de disputa. Como mantenedora financeira do campeonato, pode fazer sugestões e dialogar com os organizadores e participantes do evento. Jamais decidir. E se o fizesse seria por absurda omissão dos dirigentes.

Estes foram relapsos na medida em que se ausentaram do debate sobre o regulamento. Disseram amém ao que estava escrito e não se preocuparam sequer com uma cuidadosa leitura para sugerir emendas de correção redacional, aditivas ou supressivas. Cruzaram os braços. Poderiam, ao menos, levar o texto ao banheiro e analisá-lo na solidão das necessidades fisiológicas. Nada foi feito antes.

O Atlético – também culpado – quer a declaração dos direitos que possui, sem a menor dúvida. A tabela que a federação montou vai para o lixo, lugar de papéis inservíveis. Resta saber como vai acabar esta obra de verdadeira dramaturgia – na qual a semelhança não é coincidência, mas a expressão da realidade.