Foram tantos os erros do Coritiba nesses últimos dois anos que não é possível apontar uma causa única para o triste fracasso. A culpa maior recai sobre a diretoria, que é quem contrata e dispensa jogadores e comissão técnica. É o comando político quem fixa diretrizes para o clube e, particularmente, para o futebol, único produto oferecido à torcida. Do fracasso os torcedores não participaram, foram solidários e entusiastas. Não faltaram nem nos momentos mais pesarosos, como os de sábado em Brasília, quando o Coritiba afundou os pés na Segunda Divisão. O time jogou mal (novidade?), perdeu gols, esteve nervoso e sem determinação. Depois do empate a explicação sensata: o Coritiba é um barril de pólvora.

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Culpado maior

O mais comprometedor é que o papel de incendiário foi concebido e executado pelo presidente do Coritiba. Em 2005 praticou erros primários na condução da política de futebol. Vendeu jogadores importantes sem ter o cuidado de contratar substitutos de qualidade. Hostilizou a torcida, xingou e pronunciou palavras que soam mal na boca de um presidente. Inseguro, fez do cargo de treinador um laboratório de ácidos venenosos, tal a quantidade de erros grosseiros. Caiu para a Segunda Divisão. Passou a ser o alvo principal da torcida descontente.Política

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Vaidoso, o presidente do Coritiba não percebeu a situação grave da política interna do clube. Insistiu no projeto de reeleição. Conduziu o Coritiba a um confronto político sem precedentes na história recente do clube. A eleição foi contestada, inclusive, com séria acusação de fraude. O pleito foi anulado e começou uma batalha judicial. Para encurtar o caminho da normalidade a oposição (que se considerava vitoriosa) decidiu não recorrer à justiça comum, como fizera o presidente situacionista. O barril foi ficando mais cheio de pólvora e a torcida com a paciência exaurida. Os rompantes presidenciais continuaram, mais intensos. Era o fracasso da arrogância. O time de futebol, combalido e sem energias para reagir, foi a conseqüência dolorosa do fracasso político. O Coritiba continua glorioso. A revolta e a vergonha dos coritibanos são contra os dirigentes, culpados maiores do fracasso previamente anunciado.

Post Scriptum

A vida do Coritiba em 2005 e 2006, nem resumida, cabe nesta coluna. Precisa de um livro para o registro histórico dos erros cometidos. E das lágrimas derramadas pelos inocentes torcedores.