Recebo de um atento leitor uma pergunta incisiva. Ele quer saber o motivo do colunista ser contra a Copa do Mundo no Brasil em 2014. Meu prezado, agradeço a leitura atenta do que escrevo neste espaço e verbalizo na Rádio Transamérica.
Não se trata de ser contra ou a favor. A Copa do Mundo é um evento de porte e muitíssimo caro. Requer investimentos financeiros de grande monta. O Brasil não tem condições de gastar dinheiro público para fazer, por vaidade dos governantes, um evento que irá consumir tantos recursos financeiros.
Benefícios urbanos são uma obrigação do poder público, como também a execução de uma política de geração de empregos e expansão de negócios. Promover uma Copa do Mundo é dar acabamento à plasticidade de cidades e países já desenvolvidos. A África do Sul foi contemplada (?) com a Copa que logo começa por uma razão política da Fifa. Garantir o colégio eleitoral do senhor Blatter para sucessivas reeleições, como aconteceu com o brasileiro João Havelange.
É provável que muita gente não lembre ou não saiba. O Colorado, uma das origens do Paraná Clube, fez uma excursão ao exterior para cabalar votos em proveito eleitoral da tropa de Havelange. Prestou-se a este papel sem benefício próprio. Chegou a ser excluído do Campeonato Brasileiro e só voltou graças a um esforço político deste colunista, do prefeito Saul Raiz, com o aval decisivo do então ministro da Educação, o paranaense Ney Braga, sempre engajado às causas do nosso estado. A promessa aos africanos está sendo cumprida, financiada pela Fifa, a Copa na África do Sul. Tudo em troca de um bocado de votos para a reeleição de Blatter e sua equipe. No Brasil, a Copa seria uma homenagem ao tutor do atual presidente da Fifa, João Havelange, cuja filha faz parte do Comitê Organizador do Mundial de 2014. Coincidência? Não. Tudo estudado estrategicamente. O s interesses envolvidos são muito grandes, alguns, inconfessáveis. Se os recursos financeiros fossem privados, tudo bem. Agora, colocar dinheiro público para um evento que vai beneficiar poucos e sangrar a economia nacional não é justo. E com os Jogos Olímpicos será a mesma coisa, como já acontecera com o Pan-Americano no Rio de Janeiro. Tantas mazelas, alimentando a corrupção, agravam as deficiências sociais do país. Nossas cabeças quase explodem de tristeza com bebês que não têm UTI, parturientes atendidas em corredores de hospitais públicos e doentes em estado terminal rejeitados por hospitais conveniados com o SUS, sob o pretexto de que não há vagas. UTI para o SUS nem pensar, salvo por gestos humanitários e pessoais de raras pessoas.
Não sou contra a Copa no Brasil. Sou radicalmente contra o gasto de dinheiro público para encher os bolsos de espertalhões e políticos distanciados dos deveres sociais inerentes aos cargos que ocupam. A começar pelo presidente da República. Um viajante do mundo sem tempo de lembrar das aflições dos pobres brasileiros.
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