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Sou admirador confesso das virtudes humanas. Como todos, tenho as minhas preferências pessoais. Os gaúchos, para exemplificar, são politizados, afirmativos e regionalistas. São gostosamente apegados à raiz da terra, sabem valorizar o que fazem e às vezes até exageram. Nós, paranaenses, ainda padecemos do mal da timidez. Para agravar essa deficiência, ainda convivemos com a autofagia dos invejosos e pequenos em iniciativas e realizações. Tem gente que odeia testemunhar o crescimento do vizinho. Gente que ainda não sabe que o sentimento do ódio devasta o espírito de quem odeia.

Vamos aos fatos. Tenho dito, reiteradamente, que espanta a ausência de lideranças de expressão e que possam ajudar o Coritiba a sair da crise. O problema, e que problema, neste momento está no Alto da Glória. E quando o Atlético enfrentar situação semelhante, já imaginou o que vai acontecer? Estejam certos os Rubro-Negros, será difícil desatar o nó político. Não estou imaginando disputas eleitorais ou brigas pessoais. Basta o desejo de ir embora. E daí?

É a conseqüência do continuismo sem limites. Como os paranaenses são tímidos, e incontestavelmente o são, quase todos mergulham no grave processo de acomodação. E aí as coisas acontecem porque os "eternos" querem e do jeito que querem. É a asfixia imposta ao surgimento de novas lideranças. O Brasil ainda é refém da castração imposta aos civis pelos governos militares. A cada eleição, em todos os níveis de poder, os mesmos nomes, seus acertos e desacertos. Em algumas situações, mais erros do que virtudes. E quem paga a conta é o povo.

No futebol é a mesma coisa. Tudo gravita à volta de pequenos grupos de amigos. Pior, amigos que se subordinam à vontade suprema do chefão, pouco importando os resultados.

Não é a política certa. Os dirigentes deveriam estimular o surgimento de caras novas no futebol. Criar gerações que possam responder pelo futuro dos clubes, com experiência, maturidade e compromissos com os objetivos das instituições.

Sou contrário à perpetuação de dirigentes no poder. Ficam tanto tempo que não percebem os erros que cometem. Mesmo que involuntários. Fazer oposição não é pecado. É uma imposição da democracia. É o exercício da liberdade de falar, de contribuir com idéias, de fiscalizar e de denunciar desvios de conduta. Felizes os que administram sob a vigilância de opositores sérios e responsáveis. Os adesistas não prestam para o exercício nobre e construtivo de uma boa oposição. A asfixia imposta aos jovens e idealistas, particularmente, é um desserviço às instituições.

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