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Vejo uma coleção de fotografias da demolição parcial do Maracanã e fico abismado com a irracionalidade. O estádio símbolo da história do futebol brasileiro está sendo desmontado aos poucos, por marretas, picaretas, trituradores, tratores e mão de obra de operários brasileiros expostos ao sacrifício do esforço corporal. Quanto vai custar a demolição? Ninguém sabe corretamente.

As obras públicas no Brasil são orçadas e antes da conclusão são assinados termos aditivos que sempre acrescem novos valores financeiros. Não conheço obra que tenha seus preços reduzidos. Seria pedir demais aos nossos "ínclitos" políticos e empreiteiros. O dinheiro público depositado na conta das grandes construtoras é de tal monta que as campanhas eleitorais majoritárias e até algumas proporcionais têm origem substancial nos cofres dessas empresas gigantescas. Com certeza, esse dinheiro não sai dos lucros auferidos pelas empreiteiras. Faz parte de uma reserva técnica já embutida nos preços orçados e uma notável justificativa para tantas correções nos custos. Quanta artificialidade. Um assalto à economia popular.

Volto ao Maracanã. O estádio, em minha opinião, deveria ser implodido. Até a catedral do futebol internacional, Wembley, caiu e em seu lugar surgiu uma praça esportiva moderna, adequada aos tempos da arquitetura vigente e da tecnologia que se renova com espantosa rapidez. Também poderia ficar em pé para abrigar o envelhecido e decadente futebol brasileiro.

Nessa história há um porém. O dinheiro é público. Não sai um centavo de real dos bolsos de administradores eleitos para o exercício da função pública. Os guardiões das economias populares transferidas em forma de impostos aos governantes em muitos casos são saqueadores. Eu me dispenso de citar exemplos. Quem é minimamente informado já conhece muitas histórias. Fico comovido com as inúmeras mensagens que recebo de leitores e ouvintes apoiando minha decisão de expor publicamente restrições à Copa do Mun­­do e aos Jogos Olímpicos no Brasil. Outro dia assistindo a um programa em canal fechado ouvi uma versão lúcida para o caos que se instalou na destroçada economia da Grécia. Herança dos Jogos Olímpicos.

Outro exemplo, muito nosso, os Jogos Pan-Americanos do Rio. Quanto dinheiro jogado fora. Como disse um amigo que voltou há poucos dias de Israel. "Lá estou mais seguro que no Brasil, onde a matança é movida por roubo e drogas, de forma canalha, pela falta de segurança pública". Grande verdade. Ofen­­sa aos direitos humanos dos brasileiros, súditos de governantes insensíveis, quando não, mal-in­­tencionados.

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