Esta é a torcida fervorosa dos que acompanham o futebol com isenção e pensando em interesses comuns e não individualizando preferências clubísticas. Os dois vivem um ano dramático. Com inúmeros erros, planejamento inexistente e auto-suficiência administrativa, Paraná e Atlético expuseram suas torcidas ao calvário só vivenciado pelos que ficam na zona do rebaixamento.

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Depois de tanta tortura e medo da sucumbência técnica, tricolores e rubro-negros estão próximos dos objetivos perseguidos, ou seja, ficarem no lugar em que começaram os respectivos campeonatos. O rebaixamento – caso não seja superado imediatamente – pode significar uma vida longeva, desgastante e cheia de decepções. Está aí, à vista de todos, o que aconteceu com o Avaí. Volta à Primeira Divisão depois de quase três décadas de limbo. Convenhamos, sobreviveu porque teve energia e obstinação. Sobe e pode ser o único catarinense no principal campeonato brasileiro do próximo ano. O Figueirense pode cair.

O que muitos incautos – e incompetentes – não entendem é que se segurar em cima é muito mais difícil do que chegar ao cume. Crescem e pensam que já estão prontos para a eternidade vitoriosa. Nada disso. A recuperação é muitíssimo mais difícil do que administrar o sucesso. Enquanto o sucesso traz benefícios em cadeia, o oposto exige mais empenho financeiro e pela pressa é de difícil gestão. O Atlético deveria centrar suas forças no futebol e montar uma equipe competitiva, de qualidade e com projeção nacional. Depois que alguns mentores passaram a pensar na Copa do Mundo e nos lucros financeiros periféricos, o time de futebol ficou em segundo plano e o resultado todos conhecem. Com tudo para freqüentar a elite do futebol brasileiro o Rubro-Negro está penando para não cair de divisão. Excesso de confiança, soberba ou incompetência? Penso que um pouco de tudo. Ainda bem que Geninho – treinador místico da Baixada – com o apoio da equipe e da comissão técnica vem recuperando a auto-estima do time.

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No Paraná, as coisas não são diferentes. Muitos erros de condução política e administrativa e até escândalos financeiros que resultaram na suspensão do ex-presidente. Quem está salvando o Tricolor é a melhor produção técnica no segundo turno. Faltando três rodadas para o fim do campeonato o Paraná faturou 26 pontos no returno contra 17 em todo o primeiro turno, o que só foi possível depois de uma limpeza geral no time e no departamento de futebol. Mas o principal, que era volta à Primeira Divisão, ficou no sonho e agora só resta festejar a permanência na Série B, convivendo com a pobreza técnica de times sem grande qualificação.

Logo, o contentamento do Paraná e do Atlético não é pelas grandes conquistas, mas pelo consolo de ficarem onde estão, o que é muito pouco.

airtoncordeiro@gazetadopovo.com.br