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A morte do empresário José Pedroso de Moraes encerra o ciclo de romantismo do futebol profissional do Paraná. Figura ímpar que se destacou pela paixão ao pequeno Clube Atlético Primavera. Introduziu o modesto clube da suburbana de Curitiba no profissionalismo, que ele próprio sustentava. Feliz tempo em que os dirigentes não roubavam os clubes e se entregavam de corpo, alma e dinheiro ao ideal de promover alegria aos mais simples. De marceneiro lutador, Pedroso se transformou num dos maiores empresários do ramo de tapetes do Brasil.

Calçou tamancos, mas quando cresceu e ganhou projeção nacional não desfilou de sapatos italianos. Manteve a simplicidade e foi um exemplo formidável de solidariedade. O dinheiro que poderia alimentar a ostentação pessoal de riqueza o Comendador Pedroso usou para fazer do pequeno Primavera um clube de respeito, sem dívidas, organizado, aguerrido e sempre causando um certo medo nos adversários.

Pedroso e o folclore

Para agitar o público, Pedroso criou algumas tiradas hilariantes, como o T1, T2 e T3, com as quais atormentou a vida do Coritiba, Atlético e Ferroviário. Que coisa estranha era aquela? Poucos sabiam decodificar os Ts, mas os torcedores tinham conhecimento que se tratava de sistema tático que o Comendador criava. Sabia produzir notícias sem brigar com ninguém. Com a mesma habilidade, também foi o marqueteiro das vendas a preços imbatíveis em suas lojas em Curitiba, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul. Sua inteligência aguçada levou-o à criação do bordão "Pedroso o Rei dos Tapetes" e um ganhador freqüente de concorrências públicas e particulares. Pedroso foi grande, competente e simples. Limpo.

A mudança radical

Quando identificou o lastimável emporcalhamento do futebol profissional, saiu de cena. Vendeu o terreno onde estava o Estádio Loprete Frega e comprou, de uma ordem religiosa, vasta, agradável e valorizada área de terra em Almirante Tamandaré. Instituiu o Parque Recreativo Primavera, local de reunião de centenas de famílias que tinham afinidade com o clube que trocou o futebol pelo lazer. Para homenagear o respeitado líder, os sócios deram ao parque o nome de José Pedroso de Moraes, com direito a estátua e placa de bronze.

Post Scriptum

José Pedroso de Moraes foi meu amigo por 48 anos. Amizade sem um único arranhão. Meu compadre, irmão de fé e princípios éticos. Já estou com saudade do sorriso largo e das brincadeiras puras que sua sabedoria inventava. Agora, vai encontrar no céu Maurício Fruet, outro dileto amigo, e vão gargalhar bastante. Um dia me reencontro com vocês. Peço a Deus que esse dia demore para eu viver mais com a minha família e fazer outros amigos como Pedroso e Maurício.

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